Bia Maia é, acima de tudo, sinônimo de orgulho. Não, o título do WTA de Toronto não veio neste domingo. Por muito pouco. A nova número 16 do mundo fez mais uma partida de encher os olhos.
E só não levantou o principal troféu porque, do outro lado da quadra, estava uma das maiores e mais inteligentes atletas dos últimos anos. Há muito tempo que eu não via a romena Simona Halep, multicampeã de Grand Slams e ex-líder do ranking mundial, jogar tão bem. Errou muito pouco, chegou em bolas inacreditáveis, caprichou nos contra-ataques e variou bastante.
Ainda que não tenha ficado com o título, essa paulistana de 26 anos nos encheu de orgulho com seu nível de jogo, precisão nos golpes, sua postura e carisma.
Para chegar à final, Bia superou uma chave fortíssima. Algumas finalistas recentes de Grand Slam não enfrentaram rivais tão difíceis quanto a brasileira em Toronto. Ao todo, ela despachou uma top 30 e quatro top 20. Na estreia, passou pela italiana Martina Trevisan (26ª). Depois, a vice-campeã do US Open e 13ª do mundo e anfitriã em Toronto, Leilah Fernandez. A terceira a ficar pelo caminho foi ninguém menos do que a líder do ranking, a polonesa Iga Swiatek. Apenas outras duas tenistas haviam vencido a tenista da Polônia, na quadra rápida, este ano. Nas quartas, outra pedreira, a campeã olímpica e 12ª do mundo, a suíça Belinda Bencic. Nas semis, mais uma adversária que figura há anos entre as melhores do planeta: a tcheca Karolina Pliskova (14ª e ex-líder do ranking).
Ter vencido tantas rivais de alto gabarito, todas por 2 sets a 1, certamente, coloca a número 1 do Brasil na vitrine do tênis mundial. Afinal, não é qualquer uma que conquista tantas vitórias quanto Bia.
Primeira brasileira a derrotar uma líder do ranking mundial, Bia entra, nesta segunda-feira, no top 20 com um tênis de quem tem tudo para seguir avançando rumo às 10 melhores do planeta.
Vale lembrar que esse fenômeno do tênis mundial, recuperada das lesões que tanto a atrapalharam, iniciou a temporada de 2021 na 359ª colocação do ranking. Em pouco mais de 1 ano e meio, um salto de 343 posições.
A temporada atual também já havia sido marcada por dois títulos de Bia na grama, em Nottingham e Birmingham, derrotando rivais de peso como a própria Halep e a tcheca Petra Kvitova, duas ex-campeãs de Wimbledon.
Inspirando novas gerações
Além das vitórias, premiações e visibilidade cada vez maior (merecidamente, claro), ter Bia no tão seleto top 20 vai inspirar muitas brasileiras e brasileiros a acompanharem este esporte tão incrível. Muito provavelmente, novas gerações de tenistas surgirão no nosso país inspiradas no maior nome dessa modalidade no Brasil desde a incomparável Maria Esther Bueno.
Bia, você nos enche de orgulho!
Sobre Gustavo Loio
Jornalista formado em 1999 e pós-graduado em Assessoria de Comunicação, já trabalhou com Gustavo Kuerten. E, também, nas redações da Infoglobo (O Globo, Extra e Época), do Diário Lance! e do Jornal O Dia, além do site oficial do Pan de 2007, no Rio.