A ucraniana Elina Svitolina conversou com o canal francês France 24, após participar de uma ligação com o presidente de seu país, Vlodimir Zelensky e contou a angústia que sente em ter a avó cercada por tropas russas.
Svitolina, ex-top 3 e atual 38ª da WTA, não consegue competir no circuito desde a invasão de seu país, no fim de fevereiro, desde então foram três tentativas, ela fez quartas no WTA de Monterrey (México) e caiu nas estreias dos WTAs 1000 de Indian Wells e Miami (Estados Unidos) e tem se dedicado a levantar fundos para ajudar as pessoas de seu país, tendo realizado um jantar beneficente na Itália com ajuda da ex-tenista Francesca Schiavone, e unindo forças com o ídolo ucraniano no futebol Andriy Shevchenko, com quem esteve na ligação com Zelensky.
"Foi uma honra e eu estava realmente preocupada como nunca estive antes. Mesmo quando estava nas semifinais de Wimbledon, não estava tão preocupada", contou ela sobre a ligação com a autoridade máxima de seu país.
Ela e Schevchenko estão juntos para seguirem organizando eventos beneficentes para arrecadar fundos para ajudarem seus compatriotas e foi sobre isso que conversaram com o presidente Zelensky: "Ele me deu essa esperança de que venceremos esta guerra, que passaremos por isso. É um grande exemplo de respeito do presidente Zelensky por sua bravura em permanecer no país. Ele superou todas as expectativas", contou ela sobre o mandatário do país, que vive sua primeira experiência em cargo executivo no país e que é de ofício ator e humorista.
Svitolina contou ainda à France 24 que Zelensky consegue "dar esperanças" a todos os ucranianos e por isso mesmo muitos deles estão na linha de frente da guerra: "Muitos dos meus amigos voltaram e pegaram em armas para defender o país", pontuou ela, que tem entre esses amigos os ex-tenistas Sergiy Stahkovsky e Alexander Dolgopolov.
Do ponto de vista familiar, a tenista, que é casada com o francês Gael Monfils e vive fora de sua terra natal há alguns anos, viu sua cidade, Odessa, ser tomada por tropas russas. Odessa está neste momento sitiada por ser o principal porto do país e da região como um todo. Ali, permanecem sua avó, que tem mais de 80 anos, um de seus tios e a família inteira. Os pais de Svitolina e seu irmão, conseguiram fugir do país a tempo, mas isso não tira a angústia da tenista.
"Espero que isso acabe um dia e eu possa voltar e vê-la", disse ela sobre a avó, que em 1941 presenciou a invasão nazista ao país. "É difícil para as pessoas mais velhas passarem por outra guerra. O déficit de comida, ficar em casa ou no porão por dias... para eles é extremamente estressante e muito, muito difícil mentalmente", pontuou.
Segundo Svitolina, a avó é muito idosa para ser deslocada e por isso, os familiares e amigos que permanecem na cidade, fazem rodízio para verificar as condições da avó, além do contato telefônico com os parentes fora do país. A avó de Svitolina contou a neta que está "muito protegida" por seu gatinho de estimação.
A tenista teme não apenas pela família e amigos, mas por todos os seus compatriotas: "Tenho tanta dor no coração vendo agora quantas cidades foram destruídas e quantas pessoas jovens e velhas perderam a vida em um momento".