Por Gustavo Loio - Quem acompanha o tênis brasileiro há menos de 18 anos talvez nem saiba (ou não se lembre) quem foi o último anfitrião a vencer um ATP, nas simples, no país. Foi ninguém menos do que o incomparável Gustavo Kuerten, no saudoso Brasil Open de fevereiro de 2004, na Costa do Sauípe, na Bahia.
Crédito: Andrew Stewart
Aquela conquista, por sinal, foi a vigésima e última do ídolo brasileiro na carreira.
Pois, nesta semana, no Rio Open, Thiago Monteiro tem a missão bastante difícil de tentar quebrar esta escrita. O número 1 do Brasil e 106º do mundo, de 27 anos, estreia nesta terça-feira contra o qualifier argentino Sebastian Baez (72º), de 21 anos.
Há seis anos, também na quadra central do Rio Open, o tenista cearense conquistou a maior vitória da carreira, ao derrotar, na estreia, o francês Jo-Wilfried Tsonga, sua única até hoje contra um top-10.
"Foi um divisor de águas na minha carreira. Por isso é um torneio sempre especial. Agradeço, mais uma vez, a oportunidade de jogá-lo. Estar de volta ao Rio Open me dá muita motivação e também fico feliz pelo torneio retornar ao calendário (em 2021, por conta da pandemia, foi cancelado)", disse o brasileiro, em entrevista exclusiva, na sexta-feira, antes da definição do adversário da estreia, em evento da Joma, marca espanhola de material esportivo, uma de suas patrocinadoras.
Lutando pela primeira final de ATP, Monteiro sabe que a concorrência, no maior torneio da América do Sul, é gigante:
"Tenho sempre uma expectativa boa, de jogar em casa, com o apoio da torcida, uma energia diferente, apoiando bastante. As condições são bem favoráveis, mas, ao mesmo tempo, é um torneio muito duro, são jogadores renomados na chave principal. Temos que pensar no dia a dia, jogo a jogo. Por outro lado estou preparado, me sentindo bem para fazer uma boa campanha."
Quartas em 2017
Até hoje, a melhor campanha de Monteiro no maior torneio da América do Sul foi em 2017, quando superou o português Gastão Elias e o compatriota Thomaz Bellucci até perder para o norueguês Casper Ruud nas quartas de final.
Apenas dois compatriotas foram tão longe no Rio Open quanto Monteiro há cinco anos. Em 2014, Thomaz Bellucci derrotou o colombiano Santiago Giraldo e o argentino Juan Monaco, mas parou diante do espanhol David Ferrer nas quartas de final. No ano seguinte, João Souza, o Feijão, eliminou o argentino Facundo Arguello e o esloveno Blaz Rola, mas caiu diante do austríaco Andreas Haider-Maurer.
Com a derrota de Felipe Meligeni na estreia, na segunda-feira, o número 1 do Brasil é a única esperança de o país quebrar a escrita de 18 anos.
Vitória dramática de Guga
No último triunfo brasileiro em casa nas simples em ATP, a torcida teve fator determinante e, parte dela protagonizou alguns momentos vergonhosos. Foi quando o rival de Guga, Agustin Calleri chegou a ser xingado por parte da torcida. E não foram poucas as vezes. Ao ponto de o tricampeão de Roland Garros ter pedido desculpas ao rival durante a premiação. A vitória foi por 3/6, 6/2 e 6/3. A chuva foi outra personagem da decisão, que começou e foi interrompida em um sábado e terminou no domingo, dia 29 de fevereiro.
Ainda na Costa do Sauípe, em 2009, Bellucci foi o último brasileiro a chegar a uma final nas simples no país. Na ocasião, o título ficou com o espanhol Tommy Robredo, que ganhou por 6/3, 3/6 e 6/4.
Resta saber quando o Brasil vai quebrar pelo menos uma dessas duas escritas.
Sobre Gustavo Loio
Jornalista formado em 1999 e pós-graduado em Assessoria de Comunicação, já trabalhou com Gustavo Kuerten. E, também, nas redações da Infoglobo (O Globo, Extra e Época), do Diário Lance! e do Jornal O Dia, além do site oficial do Pan de 2007, no Rio.
Como a enorme maioria ao redor do mundo fez.