O sumiço e posterior reaparecimento da tenista chinesa Peng Shuai está longe de ser um caso definido. Apesar de a atleta ter gravado entrevistas e conversado com o presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Thomas Bach, e que tenha dado garantias de que está bem, a situação da China em relação ao circuito mundial de competições parece ter sido afetada, ao menos entre as mulheres.
Na última semana, o presidente da WTA, a Associação de Tênis feminino, soltou um comunicado afirmando que pretende suspender as competições na China, cujas apostas podem ser feitas em betboo apostas online, até que a situação envolvendo Peng Shui esteja totalmente esclarecida. A tenista denunciou u o ex-vice-primeiro ministro da China, Zhang Gaoli, por abuso sexual. A tenista esteve desaparecida por cerca de 17 dias.
"Se pessoas poderosas puderem suprimir as vozes das mulheres e varrer as acusações de agressão sexual para debaixo do tapete, então a base sobre a qual a WTA foi fundada - igualdade para as mulheres - sofreria um retrocesso imenso. Não vou e não posso deixar que isso aconteça com o WTA e suas jogadoras", diz um trecho do comunicado.
A decisão da entidade em não mais promover torneios no país colocou sob os holofotes da mídia Steve Simon, presidente da WTA. Funcionários e ex-companheiros de trabalho ouvidos pela mídia internacional, em sites como The Guardian e BBC, garantem que o dirigente não tem receio em colocar seus princípios à frente do dinheiro. Vale lembrar que, até 2019, a China compunha 11 torneios do calendário anual do tênis feminino, incluindo o principal deles, o WTA Finals de Shenzhen.
Em perfil publicado pela BBC, Simon é descrito como alguém que desde o primeiro dia como presidente da organização sempre mostrou o desejo e ímpeto de mudar as coisas no tênis feminino, ainda que isso cause problemas. Aos 66 anos, ele foi definido como um "instigador permanente da mudança".
Nascido na Califórnia, Simon começou a praticar tênis aos 10 anos de idade e passou a jogar tênis universitário em Long Beach State. Ele disputou as duplas mistas em Wimbledon em 1981, onde perdeu na primeira rodada ao lado da compatriota Lea Antonopolis.
A carreira como jogador não foi promissora, então ele se tornou treinador e, posteriormente, migrou para a carreira administrativa, sempre no mundo do tênis. Em 2004, ele assumiu a direção do Masters 1000 de Indian Wells, nos EUA, onde permaneceu por 12 anos. A reportagem o descreve como responsável pela melhora no torneio, definido como quinto maior do circuito, apenas atrás dos Grand Slams.
O convite para que Simon assumisse a presidência da WTA foi apoiado pela fundadora da entidade, Billie Jean King, que o descreveu como "atencioso e respeitoso", e foi apoiado pelas jogadoras Serena Williams, Maria Sharapova e Caroline Wozniacki.
De acordo com a reportagem, Simon foi fundamental para que Serena Williams voltasse a disputar o Masters de Indian Wells, após um longo boicote em decorrência de ofensas racistas que havia sofrido. Ela voltou a disputar a competição em 2015.
"Quando voltei para Indian Wells, Steve não poderia ter sido mais prestativo, profissional e solidário", disse Williams na época. "Sei o quanto ele se preocupa com a opinião dos jogadores. Ele é um bom ouvinte e pensa em nossos interesses", disse a tenista, cuja fala foi relembrada pela BBC.
Enquanto o presidente da associação feminina mantém o boicote, do lado masculino a decisão não deve ter o mesmo apoio. Questionado recentemente se a ATP iria aderir à proposta, o presidente da entidade, Andrea Gaudenzi, esquivou-se.
"A situação envolvendo Peng Shuai continua a levantar sérias preocupações dentro e fora do nosso esporte. A resposta a essas preocupações têm sido, até agora, insuficiente. Apelamos novamente a uma linha de comunicação direta entre a jogadora e a WTA, a fim de estabelecer uma imagem mais clara da situação”, declarou Gaudenzi, por meio de um comunicado, na última semana.