Gustavo Carneiro, número 38 do mundo da categoria Open do Tênis em Cadeira de Rodas, realizou, nesta quarta-feira, seu primeiro treinamento em Hamamatsu, no Japão, em aclimatação da delegação brasileira antes da ida no dia 20 para Tóquio. A abertura dos Jogos Paralímpicos será no dia 24 e o tênis em cadeira de rodas começa no dia 27.
Natural de Uberlândia (MG), Carneiro passou por uma semana de treinos com a equipe em São Paulo e bateu bola em dois períodos nesta quarta-feira com o time brasileiro. Ele disputa a chave de simples e joga duplas na categoria Open com Daniel Rodrigues.
"Foi um bom primeiro dia de treinos, fizemos duas práticas pela manhã e à tarde. Já deu para tirar as 12h de fuso horário do corpo", disse o paratenista que tem os patrocínios da ASICS, Equaliv, Politriz, Construtora RFreitas e Restaurante Terra Brasilis, além de contar com os apoios da Confederação Brasileira de Tênis e do Banco BRB.
Sobre Gustavo Carneiro e o câncer que o obrigou a amputar a perna
Em 2013 , Gustavo teve câncer na perna esquerda, fez cirurgia para retirar o tumor, quimioterapia e radioterapia. Em 2017 o câncer voltou e precisou amputar.
Antes da doença ele era praticante assíduo de esportes tendo sido campeão mineiro de tênis na adolescência, campeão brasileiro de Squash, além de maratonista. Gustavo conciliava os esportes com seu trabalho como administrador de empresas. "Decidi mudar minha vida, larguei meu trabalho para realizar um sonho: ser um dos melhores jogadores de tênis em cadeira de rodas do mundo e disputar a próxima Paralimpíada que seria Tokyo 2020. Comecei a treinar tênis em janeiro de 2018".
Ao fim do primeiro ano era o 86 do mundo e terceiro melhor do Brasil e já em 2019 foi convocado para representar o Brasil no Mundial em Israel e nos Jogos Parapan-Americanos no Peru. Terminou o ano como número dois do Brasil e 35 do mundo, consequência dos três títulos em 2019 e um em 2018. Desde 2020 competiu pouco em decorrência da pandemia e dos seguidos cancelamentos de torneios.
Aventura e 27h na corrida de montanha mais perigosa do mundo
Em meio às disputas do tênis em 2018, Carneiro chegou a se aventurar em outra paixão, a corrida. Em maio deste ano, 5 meses após amputar a perna e apenas 2 meses com uso de uma prótese, participou da corrida de montanha mais difícil do mundo, a Ultra Fiord na Patagônia Chilena.
O objetivo era completar a prova andando em 15h, mas foram precisos 27h caminhando com a prótese e 2 muletas.
Hoje Gustavo usa também uma prótese de corrida para matar a saudade da corrida que é uma das suas grandes paixões, “mas o foco total é o tênis, pois ainda estou longe de onde quero e vou chegar. A corrida é um complemento, sempre amei correr e voltar a correr era um dos meus sonhos”.