Por Gustavo Loio - Num circuito mundial dominado, há mais de 15 anos, pelo trio mágico formado pelo suíço Roger Federer, o espanhol Rafael Nadal e o sérvio Novak Djokovic, é sempre interessante acompanhar histórias dos chamados azarões.
Veja mais colunas de Gustavo Loio
Pois, neste Aberto da Austrália, o nome da vez neste quesito é o russo Aslan Karatsev. Dias antes de começar o torneio em Melbourne, o compatriota Daniil Medvedev, durante a premiação da ATP Cup, classificou o número 114 do mundo como a ‘arma secreta’ do país no torneio.
Entre muitas façanhas que Karatsev vem alcançando, ele é o primeiro na Era Aberta (desde 1968) a chegar à semifinal de um Grand Slam ao debutar neste nível de torneio. Neste mesmo período, apenas outros cinco tenistas chegaram tão longe vindos do qualifying. Os primeiros foram o americano John McEnroe em Wimbledon (em 1977), o anfitrião Bob Giltinan, no mesmo ano, na Austrália, o belga Filip Dewulf, derrotado pelo Brasileiro Guga Kuerten na semi de Roland Garros em 1997, e o bielorrusso Vladimir Voltchkov, em Wimbledon, três anos depois.
Deste quarteto de qualifiers que fez história nos Slam nestas últimas décadas, apenas McEnroe acabou gravando seu nome no hall dos maiores da modalidade em todos os tempos.
Voltemos a Karatsev, que, até começar o Aberto da Austrália, somava apenas 3 triunfos em 13 jogos de nível ATP em toda a carreira. O azarão de vez ainda tem chance, obviamente, de dar novo passo rumo à tão cobiçada final de Grand Slam. Mas terá de passar ou pelo recordista de títulos em Melbourne e líder do ranking, Djokovic, Pedreira enorme.
Não que seja novidade para o russo de 27 anos, que fracassara no quali nos primeiros nove Slams que disputara, derrotar cabeças de chave em 2021. Nos últimos dias, em sua surpreendente campanha, a ‘arma secreta russa’ deixou pelo caminho o argentino Diego Schwartzman, oitavo, o canadense Felix Auger-Aliassime, vigésimo, e o búlgaro Grigor Dimitrov, 18º.
Independente do que acontecerá na semifinal no Aberto da Austrália e no restante de sua carreira, Karatsev já nos deixa algumas lições. A maior, ao meu ver, é nunca desistir.
Sobre Gustavo Loio
Jornalista formado em 1999 e pós-graduado em Assessoria de Comunicação, já trabalhou com Gustavo Kuerten. E, também, nas redações da Infoglobo (O Globo, Extra e Época), do Diário Lance! e do Jornal O Dia, além do site oficial do Pan de 2007, no Rio.