Por Ariane Ferreira - Com a proximidade da retomada do circuito profissional, em nível ATP apenas disputado em território norte-americano, maior é a sensação de apreensão em boa parte dos principais tenistas do mundo.
Para além dos mais de 4 milhões de casos de infectados pela COVID-19 confirmados nos Estados Unidos, a apreensão dos tenistas profissionais está mais em "ter a oportunidade de jogar" do que "se contaminar" pela doença que já matou mais de 600 mil pessoas no mundo.
Por isso, no momento, os atletas profissionais torcem para que as negociações da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP), a Associação das Tenistas Profissionais (WTA) e da federação local (USTA) junto ao Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (Department of Homeland Security - DHS) para que os tenistas provenientes de países que têm as fronteiras americanas fechadas nesse momento possam entrar em alguma das classificações de exceção dos decretos presidenciais.
A USTA tem trabalhado para que o US Open seja reconhecido, no momento, como um ponto importante para a nação norte-americana e sua imagem global. Ao ser percebido, os tenistas classificados entre os 120 melhores do mundo entre os homens e as mulheres, mais os 32 melhores em duplas, também feminino e masculino, entrariam no país reconhecidos como "estrangeiros cuja entrada seja do interesse nacional", apontado na exceção XII do Decreto Presidencial "Proclamação sobre a suspensão da entrada como imigrantes e não imigrantes de certas pessoas adicionais que apresentam risco de transmitir o novo coronavírus", promulgado por Donald Trump em 24 de maio deste ano.
É neste decreto que Trump inclui o Brasil, à lista de países com alto risco de transmissão da COVID-19, ao lado de Rússia, Irã, China e países da União Europeia, determinados na promulgação de 13 de março.
O governo norte-americano baixou parcialmente este decreto a nações da União Europeia e países como Coreia do Sul, Japão e Austrália, mas mantém uma série de restrições, dentre elas aos vizinhos Canadá e México, que fecharam as fronteiras terrestres e aéreas para "viajantes em situações não essenciais" dos dois lados, em acordo.
Em suas promulgações, Trump sempre destaca a manutenção de parcerias comerciais, tais como "trânsito de pessoas necessárias" para a manutenção destes acordo, tanto que dedica um parágrafo específico aos acordo com o Brasil no decreto de maio. Cidadãos de outros fortes parceiros comerciais dos estadunidenses, países da América Latina, Reino Unido e a Irlanda também estão impedidos de entrarem no país, caso não se enquadrem em alguma das exceções.
Porém, se os esforços de ATP, WTA e USTA falharem, cerca de 24 tenistas entre os homens e 31 entre as mulheres, ficarão impedidos de disputar o US Open 2020.
O Tênis News levou em consideração os 120 primeiros tenistas do ranking de simples e os 32 de duplas para contabilizar o número de ausentes. Vale pontuar, que tenistas que não treinam e não estão em seus países de origem farão a entrada nos Estados Unidos conforme onde estão. Este é inclusive o caso dos três principais tenistas da Rússia: Daniil Medvedev, que vivem em Monte Carlo, e Karen Khachanov e Andrey Rublev, que já estão em Barcelona, na Espanha, onde treinam.
Suspenso por doping, o chileno Nicolas Jarry não entrou nesta contabilidade.
No circuito feminino, por exemplo, há 12 russas que vivem e treinam no país, tal como outras 7 chinesas, em simples e uma russa e quatro chinesas no ranking de duplas garantidas no US Open.
ATUALIZAÇÃO: Tenistas recebem garantia de entrada nos Estados Unidos
O agente de carreiras esportivas Brian Taylor Braziel afirmou no Twitter que o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos concedeu a exceção aos atletas através da "212 (f)". Assim todos os atletas e membros de suas equipes poderão entrar no país a partir de 1º de agosto, desde que seus nomes sejam apresentados previamente tanto pela ATP quanto pela WTA.
A informação também foi sustentada pelo diretor do ATP 500 de Viena, na Áustria, Herwig Straka, que em entrevista ao jornal austríaco Tiroler Tageszeitung, revelou: "Agora também há uma garantia da Homeland Security de que os jogadores podem entrar no país sem quarentena", garantindo que o importante para a USTA agora é garantir a definição de "bolha" para atletas e suas equipes.
The US Department of Homeland Security (DHS) has granted 212(f) athlete waivers to all players and their support personnel whose names were submitted by the ATP and WTA to travel to the US beginning August 1st.
— Brian Taylor Braziel (@briantbraziel) July 23, 2020