Leconte: 'Nunca mais teremos algo como o Big 3, precisamos nos acostumar'

O francês ex-top 5 Henri Leconte concedeu uma entrevista ao jornal francês Le Telegramme para falar do retorno da prática esportiva no país e acabou comentando a respeito do período de mudança para o esporte em termos globais num futuro próximo.

Leconte, de 57 anos, recordou que começou a praticar tênis ainda criança em raquetes de madeira e comparou o esporte atual com a Fórmula 1 dada a modernidade, seja pela cada vez maior globalidade da modalidade. Para ele, a "paixão" pela prática está cada dia menor, mas reconheceu o grande valor de "embaixadores" do esporte como o suíço Roger Federer, o espanhol Rafael Nadal e o sérvio Novak Djokovic, no crescimento de audiência global.

"É incrível, nunca mais teremos isso de novo. Essa geração de mutantes vem de outro mundo. E teremos que esquecer isso. Além disso, não seria surpreendente se Federer encerrasse sua carreira depois de Wimbledon. E então isso acabará. Porque vamos ver e experimentar o esporte de uma maneira totalmente nova. É possível que passemos para um mundo mais virtual, através do nosso telefone ou da nossa televisão", analisou.

Questionado sobre a nova geração, seguiu: Os (Alexander) Zverev, (Dominic) Thiem e outros batem à porta. Mas (o esporte) será diferente. A era mágica que tínhamos terminará e será necessariamente outra coisa. Eu acho que as pessoas não percebem isso".

O vice-campeão de Roland Garros em 1988 foi interpelado então a respeito de sua geração, que teve ídolos muito fortes internacionalmente como o sueco Bjorn Borg. "Claro. Mas não podemos misturar as gerações. Quem criou as super estrelas? São Björn Borg e John McEnroe. Com Borg, as pessoas eram insanas. Mas hoje, o que nos toca e o que nos resta são as coisas autênticas daquele tempo. No entanto, hoje estamos muito no mundo virtual e temos dificuldade em nos identificar. Isso é perigoso porque fica difícil transmitir mensagens muito importantes para a nova geração. Algumas crianças podem ficar na frente de uma tela o dia todo. Eles não sofreram muito com o confinamento ... Paixão, trabalho, respeito, generosidade são, no entanto, valores importantes a serem transmitidos", destacou.