Por Ariane Ferreira e Fabrizio Gallas – Em entrevista por e-mail ao Tênis News, o presidente da Confederação Brasileira de Tênis (CBT), Rafael Westrupp, falou sobre a ação de contingência pensada para a crise da COVID-19, de prejuízos financeiros com a parada do circuito, de suporte aos torneios profissionais e a dependência de definições das autoridades governamentais.
Sediada em Santa Catarina, a CBT entrou em férias coletivas por 15 dias no fim de março para que seus profissionais respeitassem a quarentena orientada com distanciamento social em razão da crise sanitária do novo coronavírus.
Apesar da retomada das atividades administrativas, a CBT mantém a suspensão de realização de torneios de todos os níveis em todo o território nacional e na dependência das instâncias do executivo brasileiro para definir a reativação do calendário nacional: “Aguardamos as definições dos governos federal, estadual e municipal para entender as reais possibilidades de reativar o calendário de torneios (de todos os níveis) para oferecer condições aos tenistas por meio de torneios com premiação em dinheiro. Desta forma, árbitros, técnicos e atletas teriam condições de trabalhar, mesmo que o calendário internacional esteja parado”, relatou respondendo aos questionamentos da reportagem.
Frisando sempre a preocupação com a saúde dos envolvidos no esporte, o presidente da CBT confirmou que a exemplo de federações nacionais como a francesa (FFT) e a espanhola (RFET), ele e sua equipe trabalham a possibilidade de realizar um circuito nacional em nível profissional, desde que liberado pelos governos locais, até que o circuito internacional se estabeleça.
Westrupp conta que realizou uma videoconferência com as tenistas brasileiras e a capitão brasileira na Fec Cup“, Roberta Burzagli, no dia 14 deste mês e que no dia 21 foi a vez dos tenistas e do capitão na Copa Davis, Jaime Oncins. “Em ambas as reuniões, a CBT apresentou um plano com dois possíveis cenários: A) com a volta dos torneios internacionais; B) sem o retorno do circuito internacional. Para ambos os cenários, haverá a implementação de uma pré-temporada com os principais jogadores e jogadoras, promovido pela CBT. Além disso, estamos planejando reforçar o nosso circuito nacional profissional, que já existe, para que todos os tenistas possam participar de torneios profissionais com premiação em dinheiro e transmissão ao vivo pela TV”, revelou Westrupp que tem no calendário oficial da CBT torneios que já possuem premiações totais no valor de R$ 30 mil.
O presidente da CBT revelou estar organizando outra videoconferência com os atletas do Beach Tennis, assim como os profissionais do Tênis em Cadeira de Rodas também para apresentar cenários e possibilidades.
Segundo o mandatário, a CBT segue dependente das decisões dos órgãos internacionais do esporte, tanto quanto das esferas governamentais. “O fato é que a CBT estará apta a implementar as atividades logo em seguida às definições dos agentes já mencionados”, garante.
Perguntado sobre como está a saúde financeira da entidade e se há estimativa de perda de arrecadação, Westrupp revelou: “Seguimos firmes com os nossos patrocinadores. Estamos tendo perda de receitas com as inscrições em torneios. Entre março e junho, a CBT deixará de arrecadar em torno de R$ 400 mil, entre inscrições e anuidades. Nossos custos fixos continuam e no momento não temos onde cortar gastos, visto que finalizamos a nossa reforma administrativa no primeiro semestre de 2019, e não há como mexer nos recursos humanos e instalações mínimas neste momento”, pontuou. “Administrativamente, demos férias coletivas aos colaboradores para que tenhamos força total de trabalho quando esta situação de exceção se normalizar. Nossa gestão sempre foi pautada em medidas financeiras e administrativas austeras, onde qualidade gerencial refletiu, entre diversos ativos, uma pequena reserva financeira capaz de enfrentar essa crise à curto e médio prazo”, completou.
O segundo semestre do calendário do tênis brasileiro é marcado pela realização de fortes e importantes torneios do circuito juvenil, dentre eles a Copa Guga Kuerten, Copa Santa Catarina em Itajaí e o Bahia Juniors e questionado sobre a realização ou não desta parte do calendário, Rafael Westrupp voltou a afirmar que depende de decisões das entidades internacionais e das esferas governamentais. “Caso tenhamos um panorama favorável para o segundo semestre, teremos o calendário e os apoios aos torneios consolidados”, finalizou.