O presidente da ATP, o italiano Andrea Gaudenzi, concedeu uma entrevista aà TV Italiana, no qual falou das opções de calendário após o re-estabelecimento do circuito profissional pós crise do novo coronavírus ou mesmo a possibilidade de que não se tenha tênis até 2021.
Gaudenzi tratou da decisão tomada pelos organizadores de Roland Garros em realocar o torneio no calendário e disse entender a decisão.
"A decisão da Roland-Garros de mudar suas datas é compreensível. Eu assisti o discurso de [Emmanuel] Macron [Presidente da França] e ele foi muito franco com a gravidade da situação. Seus cidadãos entraram em pânico e a Federação Francesa [FFT] sentiu a necessidade de plantar sua bandeira nesta parte do calendário. Isso desencadeou uma conversa muito franca. Chegamos à conclusão de que estávamos no mesmo barco e que não havia espaço para desentendimentos. Não faz sentido falar de agosto ou setembro. Tudo é hipotético, não faz sentido bater com a cabeça na parede por algo que pode nem acontecer. Roland-Garros recuou um pouco, entendendo a importância do diálogo", declarou
Segundo o italiano a ATP trabalha com a ideia de preservar o possível do ranking e mesmo com o cancelamento da maioria dos torneios até 13 de julho, há dentro da ATP "esperança" jogar conforme o calendário a US Open Series [a partir de agosto] até o US Open e a partir daí reorganizar parte dos torneios de saibro com dois Masters 1000, sem revelar quais, e Roland Garros e aí a temporada asiática.
"Se for assim, significa que teremos realizado 80% da temporada após o cancelamento dos torneios na grama. Com sete Masters 1000 jogados e três Grand Slams, não haverá muito o que reclamar", pontuou.
A organização do retorno do circuito é hoje o maior problema administrativo da ATP. " "Temos 50 versões diferentes para planejar o resto da temporada", pontuou Gaudenzi, que seguiu: "Pode muito bem ser que o circuito não seja retomado até o próximo ano".
Diante do drama vivido pela cidade de Nova York com mais de 3 mil mortes em razão da COVID-19, a possibilidade de um cancelamento do US Open, que cedeu sua sede, o Billie Jean King Tennis Center, para a organização de um dos hospitais de campanha da cidade, se torna uma opção.
"Se o US Open for cancelado, a complexidade da situação aumentará exponencialmente, porque também consideraremos jogar em novembro e dezembro. [...]", pontuou ele que ainda destacou que há torneios, como o ATP Finals e os ATP 500 de Viena, na Áustria, e Basileia, na Suíça, não conseguem trocar de data em razão dos espaços estarem disponíveis apenas nas datas já confirmadas no calendário: "Como são arenas versáteis, não será fácil ter datas diferentes, porque todo mundo está tentando reagendar seu próprio evento".
"Estamos considerando formatos em caso de restrições estritas de viagem. Mas o tênis é um esporte global, por isso será problemático para nós, mais do que para o futebol. Mesmo se jogarmos com portões fechados, ainda estamos falando de 2 a 3 mil pessoas viajando de um lugar para outro e será difícil garantir a segurança de todos. Não queremos nos tornar um esporte regional, isso criaria problemas de classificação de ranking, uma vez que os melhores jogarão em ligas diferentes, e não um contra o outro. É uma opção, mas não é a nossa escolha preferida", confessou.
A entrevista, que durou quase 1h tratou de diversos problemas do tênis e de opções estudadas pela ATP.