Por Ariane Ferreira e Marden Diller - Promissor desde o inicio, o alemão Alexander Zverev chamou a atenção do mundo do tênis em um ano onde os destaques estiveram nas grandes retomadas de carreira das lendas Roger Federer e Rafael Nadal.
Sascha, apelido familiar que levou para o circuito de tênis, nasceu em uma família totalmente envolvida com o tênis de origem russa, seu pai foi profissional pela nação soviética e seu irmão mais velho, Mischa, já havia sido top 50 da ATP antes de Alexander brilhar no juvenil.
Nesta fase, 2013 foi o grande ano do alemão, que alcançou o número 1 do mundo na categoria, após ser vice-campeão de Roland Garros ao ser derrotado pelo chileno Christian Garin e cair na semifinal do US Open diante do croata Borna Coric Na ocasião, seus dois algozes eram mais velhos. A performance deu ao alemão o título de Campeão do Ano pela ITF ao lado da suíça Belinda Bencic. Em 2014, abriu o ano conquistando o título juvenil do Australian Open e optou dedicar-se totalmente ao profissional.
Ali, foi campeão do ITF de Braunschweig, na Alemanha, e duas semanas depois surpreendeu o mundo após ganhar um convite para a disputa do ATP de Hamburgo, onde parou na semifinal diante do espanhol David Ferrer e deu salto do posto de 665º da ATP para 285º. A ascensão seguiu e Sascha furou a barreira do top 100 em maio de 2015, de onde não saiu mais.
2015 foi um ano de consolidação no circuito. Nele, Sascha acumulou duas vitórias sobre Thomaz Bellucci, por exemplo, e teve como melhor campanha semifinal no ATP 250 de Bastad, onde além do brasileiro acumulou vitória contra o ex-top 10 Juan Monaco e parou em Tommy Robredo. Naquele ano, o alemão teve um título no Challenger de Heilbronn, na Alemanha. Já 2016 sorriu para o menino, que teve os vice-campeonatos do 250 Nice, na França, e do 500 de Halle, Alemanha, e debutou no hall de campeões de torneios ATP no 250 de St. Petersburgo, na Rússia.
O ano de 2017 foi "acima do esperado", como apontou ao Tênis News, o treinador do alemão Juan Carlos Ferrero. Sascha iniciou a temporada no posto de 24º do mundo e o finalizou como quarto. O galgar de 20 posições, muito difícil após a barreira do top 50, deu-se por uma soma de variáveis, dentre elas uma 'concorrência menor' no topo em parte da temporada, como apontada por Ferrero na mesma entrevista ao analisar o que esperar de 2018 para o pupilo.
A última temporada começou com Zverev tendo a oportunidade de pela primeira vez ser cabeça de chave em um torneio do Grand Slam. Ser 24º da ATP o colocou entre os favoritos em Melbourne, mas a campanha do jovem parou em Rafael Nadal na terceira rodada. O ano seguiu e após jogar contra a Bélgica na Copa Davis, o alemão chgou ao 250 de Montpellier e sagrou-se campeão. Em Rotterdã e Marselha, derrotas na estreia. Já em Indian Wells queda na segunda rodada para Nick Kyrgios. Em Miami, a primeira grande campanha de sua carreira em um Masters 1000, chegou às quarta, parou novamente em Kyrgios.
A temporada no saibro começou e o pensamento "competitivo", muitas vezes destacado por Ferrero e também pelo duplista Marcelo Melo, amigo do talento germânico, o impulsionou a buscar novos caminhos. Em Monte Carlo parou mais uma vez em Nadal. Em Barcelona na segunda fase para o parceiro de geração, o coreano Hyeon Chung.
Entretanto a grande mudança para Sascha viria dos vestiários do torneio catalão. Nele, conheceu pessoalmente Ferrero, uma de suas referências na infância, e após já ter conversado com o pai, seu treinador desde os cinco anos, iniciou conversas para a incorporação do ex-número 1 do mundo à equipe.
O fato de o Sr. Alexander Zverev, pai do tenista, ter comprado a ideia de ter um "super treinador" na equipe fomentou ainda mais o pensamento campeão do filho. A família Zverev, destaca Ferrero com exclusividade, é "muito ligada ao tênis e isso ajuda muito". Além do pai e do irmão, Sascha conta com o apoio incondicional da mãe, que sempre que possível viaja com o filho.
As referência de pessoas próximas dão confiança para o desenvolvimento de Sascha e que "podem servir de exemplo e ajudar na formação é importante", destacou seu super-treinador ao falar da influência direta do irmão Mischa e do amigo Marcelo Melo.
O mineiro contou-nos como a amizade que hoje faz alegria também dos fãs nas redes sociais começou: "Eu o conheci há dois anos, por motivo de brincadeira a gente começou a conversar mais e é praticamente o que a gente faz o dia inteiro. Independente da diferença de idade que a gente tem, nos respeitamos muito. Acabei me aproximando dele, pela maneira de pensar tenisticamente. O pai dele me chamava pra treinar com ele, me dou muito bem com a família dele, com o irmão".
A relação de amizade foi transposta para quadra, onde o brasileiro e o alemão dividem treinos. Melo revelou ter estado com Zverev em Monte Carlo três vezes este ano para treinar. O foco do jovem é aprimorar uma de suas grandes deficiências: o jogo na rede. "Ele está procurando aprimorar o voleio, para jogar mais agressivo na rede", revelou.
"Treinar com gente de confiança é a melhor opção. Melo é muito amigo de Sascha, assim que é genial que treinem juntos. Apesar de seu ranking e resultados, Zverev ainda é jovem e tem uma margem de melhora também grande", destacou o campeão de Roland Garros 2003.
Voltando ao circuito, após a conversa com o 'Mosquito' e encaminhada a parceria, Zverev foi para o 250 de Munique, onde foi campeão. Empolgado, o jovem fez quartas de final em Madri e ali selou em definitivo a parceria com o ex-número 1 do mundo, que já passou a acompanhar seus treinos e observar para o inicio da parceria determinado para a gira no piso rápido da América do Norte, após Ferrero determinar mudanças em suas cadeias de negócios e também em sua academia, a Equelite.
Empolgado com a parceria e com os primeiros conselhos já dados, Zverev surpreendeu e conquistou seu primeiro Masters 1000, em Roma, superando Novak Djokovic. Em Roland Garros a decepção de cair na estreia para um especialista no piso.
Apesar dos resultados, seu treinador destacou que a sustentação de bons resultados requer um trabalho mental que Zverev tem apenas começado e por isso, apesar de grandes resultados, o jovem acabou tendo resultados "negativos" na visão da crítica na sequência. Segundo o espanhol: "impuseram expectativas muito altas" no menino de apenas 20 anos.
O estilo agressivo e de bom saque rendeu na temporada de grama, com semifinal na Holanda, vice-campeonato em Halle e oitavas de final em Wimbledon.
Em julho, com tudo em ordem na Espanha, Ferrero e Zverev tornaram pública a parceria ao iniciar os trabalhos na América do Norte. A injenção de ânimo trazida pelo espanhol rendeu título já no primeiro torneio, o ATP 500 de Washington. Dali o título do Masters do Canadá batendo ninguém mais e ninguém menos que Roger Federer e uma nova "decepção" caindo na estreia em Cincinnati e na segunda rodada do US Open. O alemão fez semifinal no 500 de Pequim, quando se garantiu pela primeira vez na disputa do ATP Finals de Londres, onde fechou o ano vencendo a estreia e perdendo as outras duas partidas da fase de grupos.
Apesar de o alemão inspirar a todos como o "próximo número 1 do mundo", Ferrero prega cautela, ainda que acredite que o foco do pupilo tem que ser o número 1, mas não já para 2018. "Temos que trabalhar muito para ser Nº 1 não é nada fácil. Este ano haverá muita concorrência. Não apenas belo Big 4, mas também pelos jovens que começam a lhe fazer frente", ressaltou.
Pensando em futuro, o ex-número 1 prevê "momentos muito bons e muitos ruins" para Sascha, mas ressalta que o pupilo tem a ferramenta para o ajudar a superar essas situações: "Ele tem uma mentalidade muito competitiva e quer sempre melhorar".
De resto, Sascha tem nos treinadores, o pai e Ferrero, nos bons amigos como Melo e na família porto seguro para trilhar um caminho de evolução e vitórias, dentro e fora de quadra.