X

Ídolos ao governo no Chile: 'Devolvam ao tênis tudo o que lhes foi dado'

Terça, 26 de julho 2016 às 15:43:29 AMT

Link Curto:

Tênis Profissional

Ter uma boa safra de estrelas no esporte e não aproveitá-la para fomentar a prática desta modalidade e melhorar as condições para tal, é também uma prática chilena, pelo menos é o que reclamam ídolos do esporte em carta aberta.



O ex-número um do mundo, vice-campeão do Australian Open em 1997 e medalhista de prata nos Jogos Panamericanos de Santo Domingo, 2004, Marcelo Ríos, publicou em seu perfil no Twitter uma carta aberta assinada por ele, ao lado dos medalhista de ouro nas duplas em Atenas Nicolas Massú (capitão chileno na Copa Davis) e Fernando Gonzalez - também medalhista de bronze em simples em Atenas e prata em Pequim - e ainda pelas jovens promessas locais Cristian Garin, campeão juvenil de Roland Garros, Gonzalo Lama, Hans Podlipnik e Juan Carlos Sáez, em crítica ao governo chileno e a federação local.

Confira na íntegra a carta traduzida:

"Acabou a Copa Davis, o momento mais lindo do ano para os jogadores que representam o Chile. Já que todos nos unimos como país e apoiamos atletas que o deixam (o circuito) por nossa bandeira. (Esta) é a competição que tanto nos deu alegrias ao longo da história. São muitos os jogadores emblemáticos que nos representaram como Ayala, Fillol, Cornejo, Rebolledo, Gildemeister, Silberstein, Ríos, Massú, González e muitos outros. Agora, (temos) uma equipe se compõe de jovens jogadores que não para de nos dar surpresas. O tênis é o esporte mais vencedor da história do Chile, com duas medalhas de ouro olímpicas e um número um do mundo.

 

Por todas estas razões, já não podemos seguir fingindo que não vemos a atual situação do tênis chileno. Na última Copa Davis se viveu o mais degradante que um jogador de tênis pode viver. Não apenas por ter oferecido uma quadra imprestável aos rivais - outra vez - e nos sentimos envergonhados por não ter sequer uma quadra decente onde jogar a Copa Davis. Além disso, nos sentimos esquecidos em algum canto das lembranças. Há mais de 25 anos estamos passando vergonha no circuito internacional, de onde todos os jogadores e oficiais reclamam do mau estado das quadras no Chile. Ano após ano temos que dar explicações e tentar acabar com o mal-estar, esperando que na próxima Copa Davis nos escutem e façam uma quadra decente. Não pedimos algo espetacular, apenas algo digno e de acordo com a competição. Durante muito tempo pedimos publicamente que melhorem a Quadra Central do Centro Nacional e que façam um estádio ao nível do mar. É pedir muito para o esporte mais vencedor do Chile?

 

Quando Massú e González conquistaram medalhas olímpicas¹ foram recebidos em La Moneda² pelo Presidente da República³. Tudo foi alegrias e promessas, mas isso não se traduziu em nada positivo para o tênis. Não se converteu em ação. Quando Marcelo Ríos foi número 1 do mundo aconteceu a mesma coisa, todos os personagens importantes subiram no carro da vitória, mas ninguém contribuiu. Parece que sempre esperamos o milagre de que algum jogador possa nos levar à glória com esforços econômicos de sua família, mas nunca nos preocupamos com o desenvolvimento da modalidade. Talvez vez seja porque isso não dá votos e nem popularidade imediata. Tudo que implica em resultados a longo prazo é rejeitado.

 

Chegou o momento do Governo, Federação de Tênis e Ministério dos Esportes devolvam ao tênis tudo o que foi dado por ele ao país. É imprescindível que tenhamos um estádio ao nível do mar para receber a Copa Davis de primeiro nível (Grupo Mundial) e que o Estádio Nacional  cumpra as normas correspondentes.  Por respeito, não podemos deixar que nossos jogadores sigam sendo motivo de chacota da América do Sul e mostrando ao mundo que somos uns medíocres. Além disso, com uma melhora em nossa infra-estrutura podemos seguir com o projeto de massificar o tênis que tanto se precisa e que cada dia mais jovens de todos os status sociais possam jogar o tênis e competir.

 

Este momento é único em que todos os jogadores estamos unidos em uma causa comum: tirar o tênis do buraco em que está. Somos jogadores e ex-tenistas com uma meta em comum: levar o tênis chileno à elite mundial. Em nosso país há muito potencial, temos jogadores com muita garra e dispostos a se sacrificar, mas isto tem que estar de mãos dada com a ajuda do Estado. Estamos dispostos a dar de nossa parte. Vocês nos ajudarão?"

 

Referências:

1: A medalha de ouro nas duplas em Atenas foi a primeira medalha dourada da história do Chile nos Jogos.

2: La Moneda é a residência oficial do Presidente da República do Chile

3: Ricardo Lagos era o presidente do Chile que recebeu Massú e González.

teninews.com.br
br.jooble.org