Por Leonardo Mamede, em Belo Horizonte (MG) - Em meio à Copa Davis, em Belo Horizonte, o Tênis News entrevistou Daniel Melo, ex-jogador e técnico de seu irmão, Marcelo Melo, que, em novembro, tornou-se número um do mundo nas duplas.
O papo está dividido em duas partes. Esta primeira contém as falas do técnico mineiro sobre a parceria de Marcelo com Bruno Soares, a expectativa para as Olimpíadas, a parceria de Marcelo com Bruno Soares e como será feita a preparação para os Jogos Rio-2016, além das falas sobre duplas mistas, com a possibilidade de o belo-horizontino se unir à Teliana Pereira. A segunda, que engloba os comentários sobre a ida do mineiro ao topo do ranking, seu ano de 2016 até o momento, a dinâmica das duplas na ATP e a parceria com Ivan Dodig, que ele admite não estar garantida para 2017, pode ser lida aqui.
PARCERIA COM SOARES E EXPECTATIVA PARA BUSCAR A MEDALHA OLÍMPICA
Falando da dupla com Bruno Soares, Daniel confirmou que eles jogarão juntos em Washington, capital dos Estados Unidos, na próxima semana, e também revelou que os dois farão treinos juntos no Masters 1000 de Toronto, que começa em dez dias, apesar de disputarem o evento com Ivan Dodig e Jamie Murray, suas parcerias fixas. Além disso, o técnico do número 6 no ranking de duplas explicou os porquês de os amigos de infância terem resultados abaixo da expectativa nos dois torneios em que se juntaram neste ano, Rio e Brasil Open – semifinal e quartas de final, respectivamente -, explicando o plano para eles melhorarem juntos e chegarem à Rio-2016 com tudo, brigando por uma medalha.
“Eles jogarão juntos em Washington. Em Toronto, voltarão para os parceiros originais”.
“Bate a falta de ritmo da parceria quando dois duplistas ficam muito tempo sem disputar torneios e treinar juntos. Isso aconteceu um pouco, por isso eles não tiveram campanhas tão boas no Rio e em São Paulo”.
“Na Copa Davis, o que acontece é que eles ficam a semana inteira treinando e é apenas um jogo. Então, numa partida só, acabam jogando bem e sempre ganham. O que estamos procurando fazer (para melhorar o resultado quando chegarem às Olimpíadas) é jogar a Copa Davis, disputar Washington juntos, treinar algumas vezes em Toronto, respeitando, é claro, os parceiros de cada um, e chegar com antecedência na Olimpíada para treinar mais um pouco, porque, por mais que eles se conheçam há muito tempo, é sempre importante (treinar) o entrosamento e o ritmo dos dois em quadra”.
DUPLAS MISTAS: CORRENDO POR FORA, DANIEL QUER AJUDAR TELIANA E DESBANCAR FAVORITOS COM O APOIO DA TORCIDA BRASILEIRA
Por fim, o mais velho dos Melo abordou as duplas mistas com nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. Os bielorrussos Victoria Azarenka e Max Mirnyi, atuais campeões, não serão concorrentes, porque “Vika” anunciou que está grávida e encerrou sua temporada. A notícia pegou o técnico de surpresa. Ele desejou “felicidades” à Azarenka, mas alegou ver pelo menos três duplas à frente dos atuais campeões olímpicos.
“Eu não os achava grandes candidatos à medalha de ouro, apesar de serem os atuais campeões. Acho Federer e Hingis, Nadal e Muguruza e os indianos Boppana e Mirza os maiores favoritos, também temos os Bryans”.
Marcelo Melo e Bruno Soares, atualmente separados por 890 pontos no ranking, travam uma “disputa” para decidir quem jogará a prova de mistas junto com Teliana Pereira ou Paula Gonçalves. Daniel explicou que haverá somente uma dupla mista brasileira no Rio (nota da redação: devido aos requisitos de classificação, que englobam o ranking de simples, em que Marcelo e Bruno não figuram, apenas uma parceria deve ganhar um convite da ITF, a Federação Internacional de Tênis) e disse o que Marcelo fará para, caso atue junto à Teliana, buscar uma medalha em meio a tantas estrelas e duplas qualificadas.
“Vamos precisar de um convite, porque o corte deles (Melo e Pereira) é muito baixo”.
“O Marcelo já treinou no Rio, gostar de jogar lá, o piso da Olimpíada o agrada muito. Ele foi número um do mundo, sabe muito bem o que tem de fazer. Se ele classificar com a Teliana, eles têm que pensar por etapas. Em casa, com a torcida, esses fatores podem ajudar muito”.
“A gente tem que acreditar até o final. Realmente é muito difícil (conquistar uma medalha), por causa das duplas que citamos anteriormente, temos que ser realistas. Mas é no Brasil, muita torcida. Jogando em casa, podemos reverter isso (a desvantagem em relação às outras parcerias), tentando passar um pouco pra Teliana as características das duplas, já que o foco dela é maior na simples. Passo a passo, quem sabe (chegamos à uma medalha)”.