Em 33 páginas a decisão do Tribunal independente contratado pela Federação Internacional de Tênis expediu, nesta quarta-feira, sua decisão de suspender por dois anos Maria Sharapova de forma unânime.
A decisão faz o passo a passo do caso ouvindo as testemunhas de acusação e de defesa e informa que Maria Sharapova começou a tomar o Mildronato, medicamento com o Meldonium, a partir de 2006 em suas consultas com o então médico Anatoly Salky, sempre aumentando o medicamento antes dos jogos e tomando até dobrado em jogos de maior importância, podendo tomar até quatro pípulas em 30 até 45 minutos antes dos jogos.
O médico da russa porém não era cardiologista e o diagnóstico para o medicamento era o de deficiência de imunidade, desordem no metabolismo, perda de energia. Diabetes e nem problemas cardiovasculares foram diagnosticados pelo médico que não pediu mais exames específicos sobre condições cardíacas da jogadora. Na época, com 18 anos, a russa tomava 18 remédios, ampliando, anos mais tarde, para 30.
A partir de 2013 a tenista dispensou Salky e contratou um nutricionista só que manteve a utilização do mildronato e de mais dois remédios que deveriam ser preescritos por médicos, o Magnerot e o Riboxin, algo que a russa não fez tanto por Salky quanto que por outro médico. OTribunal achou evidências que a russa não fez mais contato com o médico desde então para seguir usando o medicamento e afirma que ela teria escondido da WTA e dos membros das agências anti-doping que estaria utilizando o mildronato.
Em 2015 o Meldonium entrou no programa de monitoramento avisado aos tenistas e de acordo com amostras a tenista foi pega cinco vezes das 24 amostras positivas coletadas.
A proibição passou a ser efetivada em 2016, em 1º de janeiro com avisos enviados por email, no site da WTA e por um cartão enviado ao técnico Sven Groenefeld. O técnico negou ter recebido e o responsável pela verificação das substâncias proibidas ano a ano passou a ser seu empresário, Max Eisenbund, alegou ter se divorciado, não feito uma viagem para o Caribe onde imprimiria o relato da atualização para a tenista, e por isso ela não sabia do caso.
Sharapova admitiu ter usado cinco vezes em sete dias o Meldonium, foi pega duas vezes, no Australian Open após o jogo contra Serena Williams no dia 26 de janeiro e outra vez em um teste em fevereiro, no dia 2, fora de competição, em Moscou, admitiu a falta, mas o uso sem saber e não-intencional.
A ITF pediu para o Tribunal no processo os quatro anos de pena máxima por entender que o uso foi intencional e para ganhos de performance, mas o Tribunal deu dois anos, o máximo de pena por uso não-intencional, considerando a jogadora responsável pelos atos, mas aceitando em partes que ela não sabia que o medicamento tinha caído na lista proibida e que não tinha tomado o risco.
A jogadora vai recorrer ao CAS, Comitê Arbitral do Esporte, e tentar reduzir para pelo menos um ano.
Ela está suspensa até 25 de janeiro de 2018.
A jogadora comprou a última caixa do medicamento em janeiro e o Tribunal achou evidências que a mesma foi destruída no começo de março. Ela admitiu o uso no dia 4 do mesmo mês.