Como não podia deixar de ser, em entrevista ao site de Roland Garros publicada neste domingo, o eterno número um do Brasil e tricampeão do Slam parisiense, Gustavo Kuerten, classificou como ''uma pena'' o processo de formação de atletas no Brasil.
A conversa começou com Guga fazendo uma análise geral do esporte no Brasil: "Tenho a impressão de que o tênis no Brasil está em uma fase crescente, o que é lógico. Voltando a quando vencei Roland Garros pela primeira vez, em 1997, tudo se expandiu rápido e fora de controle. Agora está mais controlado, mas segue sendo fomentado. Nós estamos nos desenvolvendo de maneira menos desorganizada, e é assim que você alcança melhores resultados", declarou.
Ao ser questionado se está satisfeito com o sucesso alcançado pelo tênis brasileiro hoje, Guga destacou Marcelo Melo como número um do mundo nas duplas e os dois títulos de Brunos Soares no Australian Open. Entretanto cutucou o reconhecimento interno: "As pessoas seguem esperando por um novo Guga ou a próxima Maria Esther Bueno. Mas Thomaz Bellucci tem estado no top 40 por cinco anos agora. Este tipo de consistência é difícil de conquistar, e ainda poucas pessoas dão o respeito devido. Teliana Perreira venceu dois títulos de WTA ano passado, e segue firme, temos jovens como Thiago Monteiro. Tudo isso vale a pena".
Guga comentou a 'lacuna' que existe na formação de treinadores com visão para o profissional. "Em um país enorme como o nosso, precisamos semear para colher novos talentos".
Questionado sobre o desenvolvimento de atletas no país, Guga contou que ele existe via Confederação Brasileira de Tênis e também iniciativas particulares como o Instituto Guga Kuerten, mas pontuou que a coisas fica "difícil" quando chega e depende da esfera de políticas públicas.
O Manézinho da Ilha também pontuou que não há um "modelo brasileiro" de desenvolvimento no tênis. O tricampeão de RG destacou que sequer se sabe quem são os 20 melhores treinadores do Brasil e ponderou que apesar das inúmeros iniciativas individuais, é preciso voltar à mesa de debate.
Guga falou do trabalho de base realizado no Brasil que é diferente do francês, que é separado em sub 12-14, por exemplo. "Na França está tudo estabilizado, organizado e no lugar. Temos que desenvolver todas as faixas - treinar 4-10 anos, 10-14. A CBT tem um departamento que ajuda jovens talentos, mas há uma abundância na perda destes talentos E isso sem considerar os talentos que sequer nunca colocaram a mão em uma raquete. Temos o péssimo hábito no Brasil de perder talentos entre os 18 e 25 anos É uma pena", pontuou.