Por Ariane Ferreira - Derrotado, mas feliz, foi assim que o jovem brasileiro Eduardo Russi passou por sua primeira chave principal de torneio ATP da carreira. Jogando ao lado de Nicolas Almagro, ele caiu na estreia do Brasil Open para Marcelo Melo e Bruno Soares.
Foto: Leandro Martins
"Jogar ao lado dele (Almagro) foi uma experiência incrível", iniciou sua fala após a derrota. Russi e Almagro foram companheiros na academia do ex-número um do mundo, Juan Carlos Ferrero, a Equelite, por um ano e por isso conversaram sobre a possibilidade de jogar duplas em São Paulo.
"Foi meu segundo ATP (em 2015 Russi disputou o quali do ATP de Valência, na Espanha, como convidado), a experiência de jogar contra o número um do mundo e caras já ganharam Grand Slam foi inacreditável. Muito bom!", declarou feliz com a possibilidade de defrontar com seus ídolos.
"(Melo e Soares) São meus ídolos. Sempre que eles jogam paro para assistir. Acompanho resultados pelo celular. Sou fã mesmo e claro que tê-los como exemplo me motiva", declarou o jovem jogador que disse conhecer "um pouco" melhor Bruno do que Marcelo, a quem apenas cumprimenta.
"Dividir quadra com eles foi uma experiência incrível", resumiu. "Agora é seguir trabalhando para ganhar ritmo, jogos e chegar a esse nível", disse positivo.
Paulistano, Russi contou como está sendo a experiência de viver na Espanha, mais especificamente na pequena Villena, nas cercanias de Valência, onde vive há pouco mais de um ano, divide um apartamento com o também brasileiro Rafael Camilo e treinar sob orientação do ex-número um do mundo, Ferrero.
"Mudei pra lá para trocar um pouco, conhecer novas culturas, ouvir coisas diferentes e acabei gostando e estou lá até hoje", revelou o tenista que sempre teve vontade de morar fora do Brasil e que em 2013 passou por um mês de treinamentos na Equelite para ver se "gostava" dos métodos e planos da academia.
Russi soube da academia de Ferrero e seu mentor Antonio Martinez, o Toni, através de Marcelo Micheletti, que foi jogador da Equelite no inicio de seus trabalhos e após seu pai fechar a academia de tênis que possuía, o paulista foi treinar no interior, mas pensando em tentar a sorte na Espanha.
"Eu e o Camilo, somos os únicos atletas que moramos fora da academia. A gente alugou um apartamento. Pra mim é um pouco melhor, para mudar um pouco os ares, não ficar sempre com as mesmas pessoas", comentou Russi que mora na pequena Villena, de 35 mil habitantes, que pertence a província de Alicante e da Comunidade Autônoma de Valência.
A mudança fez bem para o paulistano: "Eu foco principalmente tênis. Treino de segunda a sábado e a gente tira o domingo de folga. Sinto que amadureci bastante. Sinto que isso (a mudança) me ajudou a focar bastante no tênis. Só tênis, só tênis! Isso foi uma coisa muito boa", pontuou.
Tecnicamente a mudança para Equelite trouxe "novos ares" para a carreira de Russi que após orientação de Antonio Martinez optou por focar-se nas duplas. O tenista contou que chegou muito "irregular" à Espanha e que melhorou "bastante".
Quanto a opção pelas duplas explicou: "Sempre gostei muito de jogar dupla, desde pequeno. Sempre gostei de jogar na rede, saque e voleio. Meu jogo na simples era saque e voleio. A coisa mudou quando fui pra Espanha, porque lá, como é muito lento, o pessoal opta por trocar mais bola e eu acabei perdendo um pouco isso (jogo de rede). Daí meus melhores resultados sempre foram nas duplas. Aí conversei com o Toni e ele me viu jogar em Valência e falou que eu tinha potencial para jogar duplas, tinha que treinar específico".
Russi também contou como é a relação com Ferrero, a quem viu pouco jogar, "mais por vídeo" e que foi ficando mais fã conforme foi o conhecendo como pessoa e treinador. "Ele sempre está nas quadras. Ele mora na academia. Eles (Ferrero e Toni) estão sempre rondando as quadras. O Ferrero sempre que vê alguma coisa, ele dá umas dicas. Se você está errando alguma coisa, posição de perna, tática, ele entra na quadra e dá as dicas, comenta com os treinadores qual exercício que ele acha que você tem que fazer, tudo que possa te ajudar a melhorar", revelou.
Russi, que faz parte da equipe de atleta nível Future que reúne 15 atletas da Equelite, contou que mesmo aposentado, o ex-número um do mundo treina todos os dias e isso é um fator motivacional para todo mundo.
Além dele e de Camilo, a academia de Ferrero conta ainda com outros dois profissionais brasileiros, Antonio Fasano e Jordan Correia, além de atletas juvenis.
Russi é comandado pelo experiente treinador espanhol Oscar Soria, especialista em profissionalização, mas está em São Paulo sob comando de César Fábregas, treinador que viaja com Pablo Carreño Busta, quadrifinalista do Brasil Open.
Do Brasil, Eduardo Russi irá ao Marrocos onde disputará outros quatro torneios Future. Ocupando o posto de 1035º da ATP em simples, o jogador disse que disputará chaves de simples caso tenha ranking para os qualis, mas estará focado em vencer nas duplas para quem sabe dar um "salto" aos Challengers já no meio desta temporada.