A diretora do ATP 250 e Santiago, no Chile, Catalina Filol, concedeu uma entrevista à revista Clay Tenis e revelou que seu torneio e o Rio Open estão lutando para uma mudança de piso da gira sul-americana de tênis, porém, Buenos Aires segue atrapalhando.
Crédito: Sebastián Varela| Clay Ténis
Catalina é ex-atleta (vôlei) e mãe do tenista Nicolas Jarry. Ela inicia a conversa destacando que a exclusão do ATP 250 de Córdoba, na Argentina, apesar de diminuir o tamanho da gira local, fazia parte do projeto da ATP de atender a uma solicitação antiga dos tenistas de diminuir o calendário. Para ela, é mais ameaçador para a gira a transformação de Dallas e Doha, também realizados em fevereiro, em ATP 500, do que a exclusão de Córdoba.
"O que nos afeta fortemente é a atualização para 500 torneios na superfície com duração de fevereiro. Nos golpeia, porque no fim o tenista soma outra razão para optar por jogar em cimento antes de Indian Wells. Na América do Sul, com saibro, nos tornamos muito mais difíceis para atrair jogadores, porque eles vêm de uma gira importante no cimento na Austrália e se prepara para outra importante nos Estados Unidos", declarou Filol.
Então, a diretora foi questionada sobre o que o movimento da ATP de dar uma "evolução" a Dallas e Doha poderia dizer ao circuito na região.
"A tarefa dos três torneios que acontecem na gira –Buenos Aires, Rio e Santiago– é ser mais ruidosa. Que as pessoas da ATP venham ver o que estamos produzindo e que entender que têm que apoiar a gira da América do Sul, que vê o potencial que tem agora, com uma paixão pelo tênis muito grande. Uma das coisas que os europeus têm a impressão da América do Sul é ver a energia que há no estádio e que não há outros países do mundo. Quando vejo os torneios pela TV onde não há público, me dá uma sensação terrível porque al tenista gosta joga frente ao público, gosta dar energia que nos entrega. O crescimento do Chile Open foi exponencial, há algo que compara a primeira versão (2020) com o que lograremos em 2025. Há interesse das marcas e das pessoas", pontuou ela, que ainda revelou que o CEO da ATP, Andrea Gaudenzi nunca esteve nos torneios da América do Sul, que neste ano serão visitados pelo vice-presidente da ATP Eric Starelli.
Filol conta que conhece muitos tenistas há muitos anos, que conversa com vários em diferentes torneios, mas explica que a negociação de contratação de estrelas se faz com agentes ou familiares. Ela aponta que os três torneios locais estão alinhados sobre valores e negociações com tenistas, mas que seu evento fica mais prejudicado por conta dos ATPs 500 de Dubai e Acapulco, que são em piso rápido.
Questionada sobre a questão da mudança de piso, ela entregou: "Juntos com o Rio somos os que queremos impulsionar a mudança. Em Buenos Aires não há interesse em deixar o saibro. É uma mudança que tende a aprovar o conselho diretivo da ATP".
Confrontada com a declaração do diretor do Rio Open Lui Carvalho de que muitos jogadores são hipócritas em dizer que não querem jogar no saibro, ela concordou e disse que é o embate que também enfrenta.
"Estamos sugerindo à ATP que mudemos a superfície para que seja mais fácil atrair jogadores e que muitas portas se abram para nós, embora isso não garanta que grandes estrelas venham. Obviamente surgem outras questões… A América do Sul vai querer mudar a cultura de anos de jogo no saibro? Isso é algo que nos beneficiará como região? Um país como o Chile está preparado para que juniores joguem no cimento? Temos que ir em busca de melhorar o quadro", confessou.