Por Ariane Ferreira – A temporada 2024 foi marcada por uma série de grandes despedidas no tênis profissional. A lista de peso conta com um total de 6 ex-números 1 do mundo e despedidas emocionantes. Esta é a segunda parte da retrospectiva.
Confira a lista e alguns detalhes das carreiras que se encerraram nesta temporada (ordem alfabética).
Elena Vesnina
Ex-número 1 do mundo nas duplas, a russa Elena Vesnina deu seu adeus definitivo ao tênis em novembro deste ano. A russa, que chegou a ficar afastada do circuito entre 2018 e 2020 em razão de sua primeira gravidez da pequena Elizabeth, mas retornou exclusivamente para disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021 e permaneceu no circuito.
Nos Jogos de Tóquio, Vesnina foi prata nas duplas mistas ao lado de Andrey Rublev. Ao lado Veronika Kurdemetova, ela perdeu a disputa do Bronze para as brasileiras Laura Pigossi e Luisa Stefani.
No circuito profissional, Vesnina teve na compatriota Ekaterina Makarova conquistou sua grande parceira, com quem conquistou os maiores títulos de sua carreira, incluindo o Ouro Olímpico no Rio 2016, Roland Garros 2015 e Wimbledon 2017. Wimbledon foi palco ainda de sua última grande campanha no circuito, onde ficou com o vice ao lado de Kudermetova. Ao todo foram 19 títulos em nível WTA no circuito de duplas e outros 3 em simples, com destaque ao WTA 1000 de Indian Wells em 2017.
Vesnina gerou bastante burburinho em 2014 quando foi capa da Playboy russa em um ensaio sensual.
Garbiñe Muguruza
Outra ex-número 1 que se aposentou no circuito profissional em 2027 foi a espanhola Garbiñe Muguruza, que aproveitou o Prêmio Laureus em Madri em abril para anunciar sua aposentadoria. A tenista vinha sofrendo com lesões desde 2020, antes do início da pandemia com lesão no ombro direito e nas costas.
Talento destacado desde o juvenil, Muguruza foi ainda muito jovem alvo de uma disputa de bastidores, com um braço de força financeiro entre as federações de tênis da Venezuela e da Espanha. Nascida em Caracas, Muguruza mudou-se ainda criança com a família para o país europeu, de onde seu pai é natural.
As expectativas a respeito do sucesso de Muguruza eram tão grande, que o governo da Venezuela chegou a assediar a família da então jovem jogadora para que ela optasse por defender o país, mas aos 19 anos, ela tomou a decisão de defender a Espanha por influência de Conchita Martinez.
Ao lado da ídolo espanhola, Muguruza conquistou seus maiores êxitos Wimbledon 2017, Roland Garros 2016, WTA Finals de 2021 e ainda foi vice-campeã do Austalian Open 2020. Além da chegada ao posto de número 1 do mundo em 2017. A parceria entre elas foi vivida em três momentos diferentes.
Em toda a carreira, Muguruza conquistou 10 títulos em nível WTA em simples e outros cinco nas duplas, três deles ao lado e Carla Suárez Navarro. Jogando no Brasil, Muguruza foi vice-campeã do WTA de Florianópolis em 2014. O último jogo oficial da espanhola foi em junho de 2023, nas quadras de Lyon (França) que concluiu numa sequência de seis derrotas consecutivas.
João Sousa
Em abril deste ano, nas quadras de Estoril, despediu-se o maior tenista da história de Portugal, João Sousa, com muita festa e honrarias a maior carreira de um português no esporte (relembre).
Sousa encerrou a carreira com 220 vitórias e outras 269 derrotas em nível ATP. Nunca um tenista lusitano venceu tanto na elite deste esporte. Ele ainda foi o primeiro do país a conquistar um título em nível ATP [Kuala Lumpur, Malásia, 2013]. Ao todo foram 4 títulos em simples e outros oito vices. Nas duplas, um título no Masters de Roma ao lado do espanhol Pablo Carreño Busta.
Sousa também quebrou todos os recordes para Portugal nos torneios do Grand Slam, tendo o maior resultado português com uma semifinal nas duplas do Australian Open 2019, que jogou ao lado de um de seus melhores amigos, o argentino Leonardo Mayer. Em simples seus melhores resultados foram oitavas de final em Wimbledon 2019 e US Open 2018.
Durante toda a sua carreira, Sousa trabalhou com um treinador apenas, Federico Marques (foto).
Pablo Cuevas
O maior tenista da história do Uruguai, Pablo Cuevas, ex-top 19, encerrou sua carreira oficialmente nas quadras do US Open colocando fim a uma trajetória de 20 anos marcada por uma série de lesões e muito sucesso nas quadras brasileiras.
Tricampeão do Brasil Open (2015-2017), Cuevas é o maior vencedor da história do extinto torneio brasileiro ao lado do espanhol Nicolas Almagro. Ele também conquistou em terras brasileiras uma de suas maiores vitórias diante do espanhol Rafael Nadal, na semifinal do Rio Open 2016 em que foi campeão.
Pablo Cuevas viveu uma das mais emblemáticas histórias de superação do tênis, foi campeão nas duplas em Roland Garros 2008 e passou a enfrentar lesões, sendo a mais séria deles no joelho, que afastou das quadras por dois anos. Em 2011, uma nova lesão o manteve afastado por um período superior a um ano. É na segunda fase da carreira, que o uruguaio ganha seus seis títulos ATP em simples e outros 9 nas duplas e fica por cinco temporada ente os 100 melhores do mundo.
Rafael Nadal
No ano de despedidas de ex-números 1 do mundo, o espanhol Rafael Nadal leva consigo uma das maiores trajetórias da história do esporte, que deu adeus nas quadras da Copa Davis, torneio em que jogou sempre e ajudou seu país a conquistar em cinco oportunidades.
Maior atleta individual da história da Espanha, Rafa sempre se honrou em defender seu país. Assim, foi Ouro em simples nos Jogos de Pequim 2008 e Ouro nas duplas no Rio de Janeiro 2016. Entretanto, numa carreira marcada por muitas lesões, Rafa foi impedido por elas de competir nos Jogos de Londres 2012 e Tóquio 2021.
As lesões marcaram o caminho do espanhol, foram 14 num total (confira aqui detalhes de cada uma delas). Somando todo o período em que ficou afastado das quadras por lesão, Nadal ficou 5 dos 20 anos como profissional sem jogar.
Entretanto, as lesões não o impediram de ser número 1 do mundo por 209 semanas, sendo o sexto maior líder da história do ranking. Nadal estreou no ranking em agosto de 2008, em uma temporada histórica em que venceu Roger Federer na grande final de Wimbledon, partida considerada uma das maiores da história do esporte e que está no Hall da Fama do Tênis.
Ao todo, o espanhol de Manacor conquistou 92 títulos em simples de nível ATP, dos quais 22 foram títulos do Grand Slam. Nadal é o único tenista 14 vezes campeão de um Slam, conquistou tal feito em Roland Garros. Ele ainda cumula o recorde de ser o mais jovem tenista a vencer os quatro torneios do Grand Slam, alcançou o feito aos 24 anos e venceu todos os Slams ao duas vezes.
Wesley Koolhof
Um dos protagonistas da antecipação da aposentadoria de Rafael Nadal ainda nas quartas de final da Copa Davis, o holandês Wesley Koolhof viveu também em Málaga sua despedida do circuito profissional.
Ex-numero 1 do mundo nas duplas, Koolhof optou por se despedir defendendo as cores da Holanda numa história final de Davis, onde o país foi derrotado pela toda poderosa Itália.
Em sua carreira dedicada ao circuito de duplas, Koolhof conquistou 21 títulos, incluindo Wimbledon 2023 ao lado do britânico Neal Skupski, que foi seu principal parceiro da carreira conquistando 9 títulos somando ainda os Masters de Madri, Canadá e Paris. Ao lado do croata Nikola Mektic, o holandês foi campeão do Finals de 2020. Ao lado do croata, Koolhof se aposenta no auge, aos 35 anos. Em 2024 os dois tenistas conquistaram cinco títulos, incluindo os Masters de Indian Wells, Xangai e Paris.
Nas duplas mistas, Koolhof foi campeão de Roland Garros ao lado da japonesa Ena Shibahara.
Outros tenistas que oficializaram sua aposentadoria em 2024:
- A belga Alison Van Uytvanck, ex-top 37, que conquistou cinco títulos em nível WTA e se despediu das quadras oficialmente em agosto deste ano, após dois meses sem competir.
- Na segunda semana do ano, nas quadras em Auckland (Nova Zelândia) foi a vez do local Artem Sitak se retirar do tênis profissional aos 38 anos. Ex-top 32 das duplas na ATP, Sitak fez sua carreira totalmente no circuito de duplas, onde venceu 5 títulos em nível ATP e ficou ainda com outros oito vice-campeonatos, incluindo o vice no Brasil Open de 2018 ao lado de seu grande parceiro por duas temporadas e meia, o holandês Wesley Koolhof, que também se aposentou este ano. Os dois foram derrotados pelos argentinos Federico Delbonis e Machi González, que são bicampeões do torneio.
- O húngaro Attila Balazs, que foi top 76 e teve como grande campanha da carreira semifinal no Rio Open 2020 quando fez semifinal. O húngaro teve como última partida oficial a estreia do US Open 2023.
- Nascido na Nova Zelândia, mas que optou por competir e ser nacionalizado japonês, país de sua mãe, o duplista Ben McLachlan se despediu das quadras com derrota na estreia do Australian Open 2024. Ex-top 18 nas duplas, McLachlan fez sua carreira principal neste circuito e conquistou sete títulos em nível ATP, sendo o mais importante o bicampeonato do ATP de Tóquio (2017 e 2018).
- O argentino Federico Delbonis anunciou em janeiro deste ano que estava se aposentando do circuito profissional. Delbonis teve nas quadras do Ginásio do Ibirapuera a maior parte de suas conquistas, sendo campeão do Brasil Open de simples em 2014 e bicampeão nas duplas (2018 e 2019). O argentino ainda somou o título de simples em Marrakesh.
- Filip Krajnovic, aos 32 anos, o sérvio não conseguiu superar uma lesão no punho direito com a qual sofreu nas duas últimas temporadas e escolheu o US Open, no qual foi derrotado na estreia pelo qualifier austríaco Jurij Rodionov. Em uma carreira cujo destaque foi o vice-campeonato do Masters de Paris, Krajinovic alcançou o posto de 26º do mundo, mas não venceu uma das cinco finais em nível ATP que disputou. Ainda assim, o sérvio leva no currículo quatro vitórias diante de tops 10.
- O australiano John Millman se aposentou em casa, no Australian Open, após 18 anos de circuito profissional e um título ATP conquistado em Nur-Sultan (Cazaquistão) em 2020. Millman teve como melhor posto no ranking 33º em simples.
- Philipp Oswald, ex-top 31 nas duplas, o austríaco se despediu das quadras na chave em Kitzbühel, em casa. Em sua carreira, Oswald conquistou 11 títulos em nível ATP, sendo seus dois primeiros títulos conquistados no Brasil, com o Brasil Open 2014 e Rio Open 2015.
- O duplista tcheco Roman Jebavy, ex-top 43 nas duplas, se aposentou em casa, no Challenger de Liberec aos 35 anos, de uma carreira em que conquistou 4 títulos em nível ATP nas duplas.
- O japonês Tastuma Ito, ex-top 60, também se aposentou em casa nas quadras do ITF de Saporo em setembro. Ito conquistou na carreira sete títulos em nível Challenger e outros oito em nível ITF.