Guga Kuerten lança série documental: 'É o extraordinário, ordinário'

Nesta quinta-feira, foi realizada em São Paulo exibição de parte da série documental "Guga por Kuerten", que estará disponível na plataforma de stream Disney+ a partir de 10 de setembro. Guga conversou com a imprensa e refletiu sobre carreira e o projeto.

A exibição exclusiva para convidados contou com a presença de familiares do ex-tenista, como o irmão Rafael e mãe, Dona Alice, além de amigos como os ex-tenistas Fernando Meligeni e Mariano Zabaleta, o repórter Marcos Uchôa e os comentaristas de tênis Silvio Bastos e Chiquinho Leite Moreira. Jornalistas esportivos e cultuais também acompanharam aos dois primeiros episódios da série, que terá um total de cinco e contarão do início ao fim a carreira do mais bem sucedido tenista da história do Brasil e da América do Sul.

"Guga por Kuerten" começa contando a história do pai do tenista, Aldo, que faleceu quando Guga era ainda criança durante um torneio de tênis, mas que segue como a figura central em sua carreira profissional. O primeiro episódio segue os caminhos de Guga até seu primeiro título em Roland Garros 1997. Já o segundo trata da adaptação de Guga ao novo status, das amargas derrotas até a volta por cima em 2000.

Nestes dois episódios é possível ver depoimentos de ex-atletas como Márcio Carlsson, Fernando Meligeni, Rafael Nadal, Marat Safin e Yevgeny Kafelnikov. Porém, na sequência da série outros grandes nomes surgem, dentre eles Roger Federer e Novak Djokovic.

Após a exibição Guga atendeu, com a simpatia que o fez ídolo mundial, a imprensa e destacou que revisitar sua história é uma oportunidade de poder olhar com distância e carinho por tudo que construiu.

"[O documentário] Ficou mais adequado para olhar a carreira, deslocar a pessoa do personagem, da façanha, porque quando fiz, por dois anos, as entrevistas [para o documentário] era cada vez mais surpreendente. Deu para perceber como Brasil recebeu toda aquela onda e fica tudo muito grandioso. A palavra que resume é 'inacreditável'. E hoje é mais fácil observar tudo isso com clareza e referenciar as pessoas que estavam ao meu lado", destaca Guga Kuerten.

Retirado do esporte profissional desde 2008, Gustavo Kuerten tem no documentário a oportunidade de contar sua história a duas gerações de torcedores que não tiveram a oportunidade de vê-lo jogar. Ao ser lembrado desta possibilidade, o Manezinho da Ilha demonstrou surpresa: "É verdade".

Ele que seguiu ao ser perguntado se as pessoas vão conhecê-lo agora: "Não pensei sobre isso. A gente quando criança, olha os jogadores e pensa também em ser fantástico e extraordinário, mas não consegue se imaginar um ídolo. Eu, criança, queria jogar tênis e conquistar aqueles resultados em quadra. Acho que a principal mensagem [do documentário] é que as pessoas compreendam o nível de dedicação que é necessário e também a relacionar o feito a todos os agentes [pessoas envolvidas], que é um fator de multiplicação enorme", destacou.

Guga acredita que a série é uma peça importante para que pais coloquem seus filhos para assistir: "Porque trata de uma coisa extraordinária, que é extremamente ordinária. As tarefas são o nosso dia a dia, os desafios também e tantas conquistas inacreditáveis e ao lado perdas importantes, momentos duríssimos", disse Guga recordando uma conversa com Fernando Meligeni ainda no profissional: "A gente estava 60 do mundo e eu dizia: 'Não dá mais, os caras são muito bons' e aquilo para o jovem era uma realidade e algo muito insensato para tudo que viria pela frente".

Gustavo Kuerten destaca a importância da resiliência e da vontade de se "aventurar" para fazer acontecer nos dias de hoje. "O esporte tem essa vantagem, muito precocemente a gente começa a faze algo que é fascinante, fantástico e não precisa tanto incentivos. A dificuldade vem na hora que começa a virar competição, profissional...que aí é avassalador.. é 'ah! não aguento mais', mas dá pra fazer. Dá se de fato tem uma condição suficiente e essa garra extraordinária. Eu diria que o essencial é olhar um pouquinho mais perto para buscar os ídolos e grandes capacidades. não precisa ir tão longe, nos holofotes do esporte, mas dentro de casa, na rua, na escola, que seja.. sempre tem pessoas que trazem inspiração e nesse caminho serão importantes", disse Guga que foi se apegando nesses ídolos, familiares e próximos que um dia ele chegou a decisão de que não desistiria mais e que poderia ir longe com o esporte.

O eterno número 1 do Brasil destaca que a humanização do caminho e de si mesmo é importante para lidar com o feito de ser 'ídolo do esporte' e pontua: "É formidável ser número 1 do mundo, não apenas pela conquista".

Em uma de suas falas no primeiro episódio, o ex-top 25 Fernando Meligeni resume Kuerten: "Tem cara que se conforma, mas o Guga... ele nunca se conformou".

No mesmo episódio, Guga exaltou o apoio do início ao fim o público brasileiro: "O país me abraçou numa lacuna de idolatria e me emociono de lembrar disso. É incrível esse fato que minha carreira proporcionou".