Após a conquista do título do Rio Open, o maior torneio da América do Sul, Rafael Matos se emocionou e não escondeu o choro ao falar de sua família quando perguntado pelos jornalistas. Crédito: @fimdejogo
O atleta foi o primeiro brasileiro a levantar o título do torneio na história, jogando ao lado do colombiano Nicolas Barrientos, neste domingo, e foi perguntado sobre sua avó o qual ele subiu lá em cima na arquibancada para abraçá-la: "Desde que sou pequeno eles são minha base, muito feliz de compartilhar esse momento com ela. Feliz de compartilhar...(voz embargada)", disse o atleta da ADK Tennis, de Itajaí (SC), começando a chorar. Em seguida, após uma pergunta sobre a morte de seu tio Alexandre Filho, em decorrência de um AVC, em setembro do ano passado, Matos seguiu se emocionando ao lembrar do episódio, bem em uma de suas melhores campanhas na carreira: "Foi na final de Chengdu (China). Não lembro qual o dia, mais pro começo da semana, meu pai me ligou e avisou que meu tio tinha falecido eles eram muito apegados, ele morou com minha avó e eu queria muito o título, não veio, mas mesmo assim dei de presente pra ela. Minha família sempre foi tudo pra mim. A primeira vez que sai de casa fiquei dois anos morando fora daí quis voltar, estava sentindo falta e eles sempre me apoiaram e sou muito grato por isso", seguiu o brasileiro.
Ele lembrou de duas histórias com o treinador Franco Ferreiro onde ainda não era tão conhecido no esporte: "Fiquei no Instituto Gaúcho de Tênis dos 11 aos 19 anos, quando acabou o projeto fui pra Itajaí, fiquei dois anos lá e acabei voltando pra casa, decisão mais pessoal, querer ficar mais perto da família. Comecei a trabalhar com o irmão do Franco, o Rodrigo Ferreiro, o Paragua, trabalhei um ano e meio, dois, nesse período ele chamou o Franco que estava morando em Uruguaiana pra trabalhar junto conosco. Ficamos mais um ano junto todo mundo. Naquele momento decidi ficar só com o Franco quando quis focar nas duplas. Naquele momento não tínhamos onde treinar, sem lugar fixo e íamos de lugar em lugar em Porto Alegre e esse Teresópolis era um clube abandonado cheio de mato, só eu e ele na quadra, janeiro, pré-temporada, ele tinha estourado a panturrilha, calor de 35º C só quem viu aquela cena sabe como foi. A segunda foi uma gira na Itália que foi um desastre, uma quartas e semi de challenger, tenísticamente não tinha sido tão bom. No aquecimento não tinha sido tão bom, ele quebrou uma raquete e eu de mau humor, ele estressado por ter separado do irmão, pelas dúvidas que ele tinha, eu não tava nem no top 100. Esses dois momentos duros que passamos".
Matos comentou a sensação de ser o primeiro brasileiro campeão do maior torneio do continente: "Realmente muito especial, não poderia ter pedido esse primeiro título de ATP 500 em outro lugar sendo o primeiro brasileiro a ganhar aqui o Rio Open merecia isso, nas duplas tínhamos batido umas quatro vezes na trave se não engano. Um torneio incrível, torcida brasileira apoiando muito. Torneio incrível para os brasileiros, uma boa fase tanto no masculino quanto no feminino. Na Copa Davis a gente conquistando a vaga. Todo mundo vem fazendo um belo trabalho e subindo pouco a pouco".
O atleta colocou suas metas para a temporada. O Rio Open era uma delas: "É o objetivo esse ano são Jogos Olímpicos. Tinha três objetivos para esse ano, um deles o Rio Open que felizmente foi, Roland Garros que é um torneio bem especial pra mim por ser no saibro e classificação pra Olimpíada. Esse torneio é um bom passo para baixar o ranking e agora é seguir trabalhando duro para buscar essa vaga".
Na campanha foram três vitórias de virada no começo e o triunfo mais tranquilo na final: "A mentalidade foi um ponto forte nos três primeiros jogos desse torneio perdemos os três primeiros sets. Essa resiliência fez bastante a diferença após ter começado tomando porrada e ter aguentado jogando mal . Na semi o que mudou foi tecnicamente estavamos nada bem e eles absurdo e mudamos taticamente altura da bola, comecei dar muito lob de devolução, quebramos um game e isso mudou, eles se perderam um pouco, passamos a nos encontrar e foi por aí".