Entre as inúmeras nuances do Rio Open, a arte é uma das que mais se destacam quando o assunto é cultura e entretenimento. Se dentro de quadra o maior torneio de tênis da América do Sul reúne os principais tenistas do planeta, fora das quatro linhas o evento também conta com outra mente brilhante.
Coube a Anna Bella Geiger, um dos ícones das artes plásticas da cidade do Rio de Janeiro, o desafio de desenhar a obra que ilustrará o pôster e produtos exclusivos da edição especial de 10 anos do Rio Open, em fevereiro de 2024. Aos 90 anos de idade, Geiger continua encantando o mundo com suas pinturas, gravuras e desenhos, além de seguir lecionando para formar e inspirar novos talentos.
A artista plástica levou para a obra especialmente produzida para o Rio Open 2024 a sua originalidade e autenticidade. Seu trabalho, que atravessou décadas e ganhou destaque internacional, é notabilizado por uma poética diversa, considerada como uma geopoética onde o uso de materiais e suportes diversos é uma de suas marcas.
Nesta obra especial para a edição de 10 anos do Rio Open, esta temática novamente está presente. Geiger reproduziu o mapa-múndi em uma composição com as cordas de uma raquete de tênis, para simbolizar o caráter internacional do torneio. Além do fato de fazer parte do circuito mundial da modalidade e ser o único ATP 500 da América do Sul, o Rio Open recebe todos os anos tenistas e torcedores de todas as partes do planeta.
“Ao ser convidada para criar o cartaz que divulga o torneio Rio Open 2024, parti de uma composição abstrata no sentido de usar as linhas brancas que demarcam a quadra na diagonal, criando com isso uma dinâmica. Penetrei com duas delas pela raquete adentro, raquete esta que por sua trama lembra os meridianos que dividem a Terra. Numa transparência fiz o solo de saibro se tornar o próprio espaço cartográfico, pelo fato do Rio Open ter uma abrangência internacional. Criei uma tridimensionalidade utilizando-me da sombra da bola que colabora para o dégradé azul do céu. No meu trabalho de arte, reconhecem uma certa temática onde a geografia tem um papel preponderante, que costumam analisar como uma geopoética”, explicou Geiger.
“O Rio de Janeiro é uma cidade que faz parte da minha história, e ser escolhida para produzir um cartaz de arte para a edição especial de 10 anos do Rio Open é uma honra para mim. Sei da importância do torneio para o Rio como um todo, ainda mais nesta edição que será comemorativa. Fiquei muito feliz com o convite, e quero deixar algo que toque o coração de todos que estiverem envolvidos com o Rio Open em 2024”, completou a artista.
A obra original de Anna Bella Geiger estará estampada no pôster oficial do torneio e em produtos personalizados do evento disponíveis na La Boutique, a loja oficial do Rio Open que estará à disposição do público dentro do Jockey Club Brasileiro. Assim como Geiger, outros grandes artistas passaram pelo torneio e deixaram suas marcas, como Barrão, Daniel Azulay, Carlos Vergara, José Bechara, Raul Mourão, Toz e Maxwell Alexandre.
“Vamos fazer uma grande celebração na décima edição do Rio Open. Em um momento tão especial, poder contar com a genialidade e a inspiração de uma artista do porte de Anna Bella Geiger é motivo de grande orgulho. A obra produzida traduz a essência do torneio, por meio da união de elementos que remetem ao tênis e ao caráter internacional do evento, com o toque abstrato e delicado que caracteriza a arte dela. Ter um trabalho tão sensível estampando o pôster oficial é um marco muito importante para o Rio Open”, disse Marcia Casz, diretora geral do Rio Open.
Bio Anna Bella Geiger
Pintora, gravadora, desenhista, artista e professora. Com formação em língua e literatura anglo-germânicas, inicia, na década de 1950 seus estudos artísticos no ateliê de Fayga Ostrower (1920-2001). Entre 1953 e 1955, vive em Nova York, onde frequenta as aulas de história da arte com Hannah Levy no The Metropolitan Museum of Art - MET (Museu Metropolitano de Arte), na New School For Social Research e, como ouvinte, Art and Sociology na New York University. Retorna ao Brasil no ano seguinte. Entre 1960 e 1965, participa do ateliê de gravura em metal do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, onde passa a lecionar três anos mais tarde. Em 1969, novamente em Nova York, ministra aulas e expõe na Columbia University. Volta ao Rio de Janeiro em 1970. Em 1982, recebe bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation, em Nova York. Publica na Funarte, com Fernando Cocchiarale (1951), o livro Abstracionismo Geométrico e Informal: a vanguarda brasileira nos anos cinquenta, em 1987.
Sua obra é marcada por uma poética diversa onde utiliza a exploração de novos materiais e suportes. Nos anos 1970, passa a usar a fotogravura, xerox, Super-8, vídeo e volta à pintura. O seu maior interesse é pelo sistema cartográfico e geografia, que a leva a empregar novos materiais no que denomina de Fronteiriços, como o uso da encáustica em gavetas de ferro antigas, e obras em formas ovais forradas que denomina de Macios. Considera a experimentação como única forma do artista atuar.