Por Gustavo Loio - O Brasil Open, na Costa do Sauípe, era um torneio dos sonhos. Para jogadores, atletas e imprensa. Afinal, era um grande eventos a poucos passos de resorts e pousadas desta incrível praia baiana. Muito conforto e em um cenário paradisíaco.
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Em 2005, uma então revelação espanhola, Rafael Nadal, ergueu, no torneio no Sauípe, o segundo título da carreira e aos 18 anos. 'Nascia' ali uma estrela que não para de brilhar.
Pois Carlos Alcaraz tinha apenas um ano quando seu compatriota mais famoso vencia o torneio no Brasil, em sua primeira vez no país. Quis o destino que a nova sensação do tênis mundial também erguesse aos 18 anos e no Brasil o segundo título da carreira. Agora, no Rio Open, outro evento fantástico, com inúmeras estrelas do tênis mundial e com uma estrutura jamais vista no país.
Sinto-me privilegiado por ter acompanhado, in loco, o feito destes dois craques.
Nadal, naquela época, há 17 anos, já era assediado pela torcida. E, apesar da timidez, atendia a todos, na medida do possível, com a educação que desde sempre lhe é peculiar. Alcaraz se mostra ainda mais à vontade para retribuir o carinho dos fãs.
A regularidade nas trocas de bola é outra semelhança entre o Nadal de 2005 e Alcaraz em 2022, assim como a camisa regata, adotada por ambos nos dois títulos. Por outro lado, o novo campeão do Rio Open saca e aplica curtas com mais facilidade do que o vencedor do Brasil Open de 2005 fazia à época.
Mas a principal diferença entre a campanha de ambos foi o nível dos adversários: O mais bem ranqueado rival de Nadal naquele torneio foi o argentino José Acasuso (figura muitas vezes presente no Sauípe), então 55º do mundo. Depois, o campeão despachou o compatriota Alex Calatrava (86º), o argentino Agustin Calleri (60º), o brasileiro Ricardo Mello (56º) e, na final, o espanhol Alberto Martin (61º).
Apenas nas duas primeiras rodadas o Rei do Saibro venceu por 2 a 0 no Sauípe. A partida mais complicada foi contra Calleri, nas quartas: vitória por 6/2, 6/7 e 6/4. Na rodada seguinte, a única virada: 2/6, 6/2 e 6/4 diante de Mello. Na decisão, 6/0, 6/7 e 6/1 diante de Martin.
Voltando aos dias atuais, antes da campanha vitoriosa no Rio Open, Alcaraz já tem bons resultados em Slams, apesar da pouca idade. Sua maior façanha, neste nível de torneio, foi ter chegado às quartas de final do US Open, na temporada passada. Nadal, um mês antes do Brasil Open de 2005, havia chegado às oitavas de final do Aberto da Austrália, seu melhor resultado em Majors, até então.
Voltando ao Jockey, a campanha de Alcaraz em 2022 teve um triunfo contra top 10 (Matteo Berrettini, nas quartas), na final, outro top 20 (Diego Schwartzman, 14º), dois top 40 (Fabio Fognini, 38º, e Federico Delbonis, 37º) e apenas um top 90 (Jaume Munar, 89º, na estreia). De todos esses, apenas Munar e Berrettini tiraram sets do campeão.
Em 2005, Nadal era o 48º do mundo, e, semana passada, Alcaraz ocupava o 29º posto.
É óbvio que está muito cedo para imaginar até onde o novo campeão do Rio Open vai chegar. Até mesmo quantos troféus Nadal ainda vai erguer. Por ora, são 90.
Mas é bom demais, para os amantes do tênis, ver uma estrela 'nascendo', como o novo 20º do mundo.
A armada espanhola ainda mais forte daqui para frente.
Sobre Gustavo Loio
Jornalista formado em 1999 e pós-graduado em Assessoria de Comunicação, já trabalhou com Gustavo Kuerten. E, também, nas redações da Infoglobo (O Globo, Extra e Época), do Diário Lance! e do Jornal O Dia, além do site oficial do Pan de 2007, no Rio.
Como a enorme maioria ao redor do mundo fez.