Por Fabrizio Gallas - Nesta semana, a cidade próxima de Dubai,Ras al Khaimah sedia dois eventos de Beach Tennis no circuito mundial da Federação Internacional de Tênis com 200 pontos aos campeões cada e US$ 15 mil no total de premiação cada torneio.
Crédito: Cleon Medeiros
O torneio masculino e feminino contam com a maioria dos melhores do mundo, mas não tem a presença dos dois número 1, o italiano Alessandro Calbucci e a brasileira Rafaella Miiller.
Radicado no Rio de Janeiro e multicampeão Mundial, Calbucci explicou sua ausência das competições, muito pautada ainda nas dificuldades da pandemia, tanto de saúde como financeiras.
"Eu me surpreendo que todo mundo se surpreenda e me pergunte porque não fui para Dubai . A pergunta seria: porque alguns atletas foram para Dubai ? Esse é a verdadeira pergunta neste momento que estamos encarando . Milhares de mortos no Brasil, o país em grande dificuldade e pensar em fazer viagem de turismo esportivo. Porque esta é a realidade: o beachtennis é um jogo maravilhoso, uma terapia para muitas pessoas mas é longe de ser um esporte profissional . E dentro deste sistema atual nunca vai ser. Em 15 anos só piorou a condição dos jogadores. O torneio de Dubai, que na real não é Dubai mas fica a uns 200km da capital glamurosa", disse Calbucci.
"Mais uma prova é que o evento é amador, mal organizado como dá para ver das fotos e vídeos dos atletas . porque alguns atletas foram , sabendo que iam gastar dinheiro mesmo ganhando ? Sinceramente não sei . Me dou duas respostas: uma romântica. Os atletas que encaram uma viagem desta , que treinam duro e no final pagam para jogar sem receber quase nenhuma compensação financeira demonstram a grande paixão para o esporte .
Todos estes atletas, e no passado os outros que viajaram para Nova York, Bermuda, Japão, Europa ... são os verdadeiros e únicos investidores e promotores dos esporte (obviamente juntos com os organizadores). A outra resposta mais pessimista: uma ilusão . Vejo jovens e atletas fazer posts nas mídias sociais se auto-contando uma história de glamour , de profissionalismo que na realidade não existe. O único profissionalismo atual é o esforço dos atletas , o resto é puro amadorismo e hobbie. O Beach Tennis está sempre mais defasado em relação ao tênis, como esporte elitista e financeiramente desgastante. Com atletas apadrinhados para puder viajar e jogar.
Por fim, Calbucci pede a união dos atletas para melhorias do esporte: "Os atletas deveriam se juntar para criar um sistema verdadeiramente professional e que retribua os próprios esforços e que, se justifique de encarar uma viagem para Dubai , numa época como esta de sofrimento , para tentar reativar uma normalidade e sobretudo porque é uma profissão e não um lazer (caro). E quem viaja para a própria verdadeira profissão tem todos os motivos do mundo para viajar".