O francês Gilles Simon concedeu uma entrevista ao jornal suíço Blick para falar de sua biografia e foi questionado se estava criticando a estrela local Roger Federer. Simon, esclareceu o tema e exaltou o suíço.
Simon foi questionado pelo repórter se "tem algum problema com Federer" e o francês não entendeu a colocação e foi interpelado sobre partes de sua biografia que foram publicadas. Segundo o ex-top 10, houve certo "exagero" e "erro de tradução" dos trechos. "Se você tivesse lido o livro inteiro entenderia. Como a maioria das pessoas, admiro Roger Federer, não se preocupe!", respondeu.
Em relação ao trecho que virou notícia na semana passada, Simon explicou que é uma crítica ao público francês, que admira tanto um "grande vencedor como Federer" e cobra o mesmo de crianças e jovens locais, "impedindo que eles cresçam e criem seu estilo".
"Mesmo antes de ser conhecido, a França queria um jogador como Roger. Um com essa atitude, aparência, elegância, ousadia, com o estilo de jogo perfeito de saque e voleio. Quando eu tinha 8 anos - Federer tinha 11 - dizia-se que ele jogava saque e vôlei! Mas aqueles que não eram tão brilhantes quanto Roger não poderiam prevalecer. Todos os países gostariam que ele fosse de lá. Mas ele corresponde exatamente ao ideal francês. Só que ele não é francês, é suíço", recordou Simon.
O jornal então questiona Simon sobre a quantidade de franceses que têm estilos diferentes, citando Gael Monfils e Benoit Paire e o francês foi direto: "Chegar lá não foi nada encorajador. Sempre ouvi dizer que nunca ganharia nada assim, essa crença se cresceu com o tempo. Por que ninguém nunca me encorajou a seguir meu caminho? Andy Murray não fez sequer meio vôlei como Federer em sua carreira e ainda venceu Grand Slams e os Jogos Olímpicos. Por que Djokovic chegou tão longe? Certamente não com os meios de Federer. Todos têm seus pontos fortes e você tem que estar convencido deles. Mas essa convicção não cai do céu entre os jovens", alertou.
Simon fala em seu livro sobre polêmicas envolvendo possível doping de Nadal e explicou: "Federer era considerado perfeito, imbatível. Quando Nadal começou a ganhar com mais frequência, a consequência lógica foi: ele deve ser dopado! Essa foi a única explicação, outra não foi aceita".
Por fim, Simon foi perguntado se Djokovic ou Nadal seriam o 'modelo perfeito' e surpreendeu: "Não se trata de quem é o modelo perfeito. A educação da criança deve ser individualizada, pois não existe uma maneira boa ou ruim de jogar tênis". O francês admitiu que há estilos, como Federer, que são mais "bonitos de se ver". "Ele tem o jogo mais divertido, mais bonito e fácil de todos, e ele é único neste planeta não apenas por causa do tênis. Seu carisma é enorme, todo mundo o conhece, mesmo quem nunca teve uma raquete na mão. Mas aos poucos percebemos que talvez outra pessoa logo seus recordes".