Por Marden Diller – Ao longo da história do tênis, principalmente a moderna, a escola russa tem sido uma das mais bem-sucedidas tanto no masculino quanto no feminino. E neste domingo (18), Daniil Medvedev provou, com números, esta questão.
Membro de uma nova geração de tenistas russos composta por três grandes nomes, Medvedev encabeça uma iniciativa que acaba com uma entressafra de quase 10 anos de russos entre os melhores tenistas do mundo.
O último do país a figurar entre os cinco melhores do mundo foi Nikolay Davydenko, que durante grande parte de sua carreira ocupou a terceira posição do ranking à sombra de Roger Federer e Rafael Nadal. Mas se Davydenko era considerado por alguns especialistas “o número 1 que se atrasou”, matematicamente Medvedev parece ser o russo que chegou na hora certa.
Com 23 anos recém completos, o número cinco do mundo tem números impressionantes para alguém que habita o circuito ao mesmo tempo que o Big3 (Federer, Nadal e Djokovic). São cinco títulos conquistados até o momento, sendo dois em 2019, com 10 finais disputadas — cinco em 2019, sendo três consecutivas. No circuito ATP, um belo cartel de 116 vitórias e 71 derrotas, com uma premiação total de US$6,068,073, em apenas seu 6º ano como profissional.
Ainda que sejam épocas diferentes, seus números são os melhores para um russo de 23 anos desde 2003, com Marat Safin. O mais bem-sucedido desde então havia sido justamente Nikolay Davydenko, que aos 23 anos, em 2004, contava com um cartel de 73 vitórias, 113 derrotas, quatro títulos — embora nenhum Masters 1000 — em cinco finais disputadas, isso tudo em 7 anos como profissional.
Dono de uma carreira incrível, Davydenko atingiu a terceira posição do ranking e foi uma pedra no sapato de Federer e Nadal durante um bom tempo. Encerrou sua carreira em 2014 com 21 títulos conquistados — dentre eles três Masters 1000 e um ATP Finals — em 26 finais, além de um título na Copa Davis.
Safin, por sua vez, atingiu a liderança do ranking ainda aos 20 anos, no ano 2000. Aos 23, já tinha 10 títulos conquistados, sendo um Grand Slam, no US Open, e três Masters 1000. Com tantos problemas físicos assolando sua carreira, viveu seu auge até os 25, conquistando mais dois títulos de Masters 1000 e um Australian Open, seu último triunfo como profissional.
Quando comparados aos russos contemporâneos, Medvedev também leva vantagem. Segundo melhor do país, Khachanov, também de 23 anos e que foi número 8 do mundo, tem 4 títulos (sendo um Masters 1000), com 111 vitórias e 87 vitórias na carreira, em seu sétimo ano como profissional. Aos 21 anos, Rublev é o mais novo dos três e vive seu sexto ano no circuito, tendo apenas um título conquistado em 69 vitórias e 72 derrotas, que o levaram ao 37º posto do ranking.
Apesar de já ter 23 anos, o que o coloca no limite da NextGen, dos nascidos de 1996 para cá, Medvedev fica atrás apenas de Alexander Zverev, o que o coloca em uma posição de favoritismo a brigar contra os grandes. Em um esporte como tênis, onde excetuando-se alguns talentos, os atletas atingem seu auge entre os 22 e 26 anos, de modo que podemos estar presenciando a ascensão de Daniil Medvedev.
Se Davydenko chegou atrasado na ATP, sendo obrigado a batalhar com Federer e Nadal em seu auge, Medvedev, ao que tudo indica, chegou na hora certa, sendo pelo menos mais um fortíssimo nome para a nova geração que, aos poucos, vai assumindo controle do circuito profissional.