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Thiago Alves destaca maturidade de pupilo e o enxerga como potencial top 10

Terça, 25 de outubro 2016 às 14:48:08 AMT

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Tênis Profissional

Por Fabrizio Gallas - Um ano foi o tempo que Thiago Alves, um dos maiores nomes do tênis nacional, conseguiu ficar longe do esporte. Ele foi trabalhar na marmoraria da família em sua terra, São José do Rio Preto, passou por todos os setores, mas viu que o tênis era a sua vida.



Desde agosto de 2015 o ex-número 88 do mundo e que enfrentou Roger Federer em plena quadra central do US Open em 2008, montou uma equipe de tênis no Harmônia Tênis Clube, a Thiago Alves Tennis, que tem como destaque Mateus Alves que acabou de fazer quartas no Bahia Juniors Cup e atingiu seu melhor ranking, o 309º, aos 15 anos.

O ex-tenista vê com olhos diferentes o desenvolvimento de Mateus em relação aos outros juvenis: "Trabalhei um ano na marmoraria dos meus pais, fiz de tudo lá e vi que ser empresário era igual a jogar tênis, tudo o que você faz é preciso foco. O jogador é a empresa, foco, organização, metas, molecada trabalha com meta.s Agora que estou viajando e trabalhando como técnico o que vejo é muito menino perdido, falta de profissionalismo dentro e fora de quadra é gigantesco. É diferente da minha época e do Bruno Soares, não tínhamos acesso a informação que se tem hoje, meu primeiro email mandei com 18 anos, hoje eles tem acesso a tudo, é muito turista, é estranho o negócio".

"Mateus é muito diferente, fora da curva pra idade dele, 15 anos, força descomunal, 1,90m, cabeça muito boa, não gasta energia fora da quadra, garoto tranquilo, na dele, sem brincadeirinha, essas coisas fazem a diferença. é o que falo pra ele. Bater direita e esquerda no alto nível todos sabem fazer, o que muda é o foco e determinação de cada um. O cara estar lutando o tempo todo, mantendo a rotina pois você joga o tempo todo, cada semana dois ou três jogos, tempo todo sendo testado, tendo chance. No circuito minha dificuldade era manter o foco por não aguentar manter minha energia tão alta, pois precisava de muita energia pra jogar e não foi por falta de foco fora da quadra. Ele tem essa facilidade não precisa ficar correndo demais, é alto, tem peso de bola. É um cara tranquilo que o circuito não vai pegar ele, fazer baladinhas, muito focado família muito boa, direciona muito bem ele," descreveu Thiago que colocou o pupilo este ano para jogar suas primeiras competições até 18 anos e que almeja deixá-lo como top 10 juvenil nas próximas duas temporadas: "Ano que vem não sei, primeiro de 18 completo, difícil, mas nunca se saber, eu o vejo no top 10 juvenil".

Thiago aponta que não necessariamente utiliza seus principais jogos como experiência para seus pupilos e sim suas principais características como jogador:

"É difícil você passar pra galera esse jogo, difícil falar de um jogo que você perdeu, mas o que mais senti no tênis foram em derrotas, esse contra o Federer, aquele contra o Sam Querrey (Copa Davis). Difícil passar pro atleta, quando ele sente alguma coisa, eu passo e converso com ele. Cada um tem seu sentimento do negócio, o que tento passar pro Mateus da minha experiência é da persistência, vejo força , habilidade, o que tento é minha energia que tinha, brio no olho, pra vibrar, ganhar o jogo, essas coisas do circuito são momentos que voce sente, são feelings que aos poucos vai sentindo. Um garoto de 15 anos ainda não está pronto, vai amadurecendo, o meu objetivo é encurtar teu caminho, mostrar caminhos que você está seguindo que não darão certo e precisa ter cabeça boa pra ouvir escutar e seguir o correto. Não sou o dono da verdade, mas tive experiência e sei os caminhos a seguir".

Com 14 meses convivendo o circuito juvenil e uma carreira onde disputou Copa Davis e os maiores torneios do mundo convivendo com os melhores do país, Thiago fez um diagnóstico do tênis nacional. Para ele não há diferenças da geração atual que teve o aporte financeiro de mais de R$ 30 milhões do patrocínio dos Correios em relação à sua que chegou a realizar boicote para a derrubada do então presidente da CBT, Nelson Nastás, após denúncias de irregularidades com o dinheiro da entidade. Recentemente a atual gestão da CBT perdeu o patrocínio dos Correios e deixará de receber mais de R$ 8 milhões nos próximos 12 meses tendo que cancelar 55 contratos de jogadores, técnicos e equipe pessoal.

"Não acredito que vá mudar nada. Crise no tênis brasileiro não vejo, ficou igual ao que tava, um ou dois caras no top 100. Vai continuar do jeito que foi sempre. Vai piorar um pouco pra garotada que ainda busca, tenta, eles vão falar, não tenho condição vou parar. Pro Bruno Soares, Marcelo Melo, perder 20, 30 mil por mês não muda nada, pro Bellucci também, agora esses meninos Orlandinho, Marcelo Zormann, Rafael Matos e os juvenis esses vão sentir."

Para Thiago, o apoio com o aporte dos Correios aos atletas foi bem positivo, mas perde um melhor trabalho na base: "Não entendo desse lado político. São oito milhões que vão sair, óbvio que o tênis vai sentir, já estamos vendo com futures cancelados esse fim de ano. Essa que é a questão, vai acabar o dinheiro. Não vi evolução no tênis brasileiro na minha época de profissional tinha uns 10 no top 200 e hoje tem cinco. As duplas já estavam lá. Bruno tem 34 anos, André Sá tem quase 39, Marcelo Melo 33, só o Demoliner que é mais novo. Quando os Correios começaram a apoiar eles já estavam lá em cima. Vão faltar, 8 milhões vão faltar..."

"Teve incentivo, Correios, passagens, viagens, esse existiu, mas acho que ainda carece de um trabalho maior na base por parte da CBT. A respeito de auxílio isso sim teve, Mateus se beneficiou esse ano, foi pra Cincinnati treinar com Murray, Nadal com essa grana e pra Santiago também. Isso ajuda, nos ajudou bastante e somos gratos à CBT, mas eles pegam quem está se destacando e ajudam", apontou Alves: "Lógico que esse incentivo ajuda, mas falta um trabalho melhor de garimpo, de achar jogador. Mas você tem dinheiro tem que dar pros melhores, é coisa mais natural com a verba que eles tinham. Agora não estão fazendo trabalho realmente, montar Centro de Treinamento, núcleos de treinamento, não sei se fizeram isso. Só os meninos que foram ajudados e pelos resultados que tiveram, se não não teriam", continuou Thiago que finalizou com um pedido para a entidade.
"Espero que a CBT consiga um novo patrocínio para manter o trabalho de incentivo que vinha sendo feito e que consiga levantar o Centro de Treinamento tão necessário pro nosso esporte para que mais talentos possam aparecer no futuro".

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