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Entrevista: Karue Sell fala do tênis universitário nos EUA e treinos com Sampras

Quarta, 21 de outubro 2015 às 15:47:26 AMT

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Tênis Profissional

Por Jean C. Kanzler - No Brasil o tênis universitário ainda é algo muito distante, mas nos Estados Unidos, é referência na formação de atletas e de cidadãos. Grandes nomes do tênis se formaram em universidades americanas e sem dúvidas, mais grandes nomes estão por surgir. Nada melhor que alguém que vive essa experiência, para retratar o quão válido e importante é participar deste processo.



Ele tem 21 anos, é natural de Jaraguá do Sul - SC, e começou a jogar tênis aos 4 anos. Hoje, é um dos principais tenistas da UCLA - University of California Los Angeles, a melhor Universidade pública do mundo. Mesmo jovem, já participou dos quatro Grand Slams, e do Brasil Open.
Estamos falando de Karue Wiele Sell, grande promessa do tênis brasileiro, que se forma em Relações Internacionais e Geografia pela UCLA em 2016, e espera ir ainda mais longe. Karue conversou com o Tênis News sobre a fantástica experiência que vive, sobre o sua trajetória no tênis, e revelou curiosidades. Karue é um dos principais tenistas da Universidade, e disputa torneios durante o ano todo, individualmente e em equipes, incluindo o NCAA Tournament, que reúne os 64 melhores dentre todas as Universidades dos EUA.

Veja alguns trechos da entrevista com Sell, incluindo desde os primeiros passos no tênis, até curiosidades atuais ao lado de alguns dos maiores tenistas da história. Imagine receber toda semana uma ligação de Pete Sampras para "bater uma bolinha" !


Como você iniciou no tênis?

Sell: Comecei bem novo, com quatro/cinco anos. Meu pai joga tênis e eu ia com ele,
ficava brincando no paredão e atrapalhando (risos). Comecei em Jaraguá do Sul, Clube Atlético
Baependi.


Fale um pouco sobre a UCLA. Como surgiu a oportunidade? Como está o andamento dos estudos?

Sell: Período Sênior (último ano), no curso de Relações internacionais e Geografia (duplo major).
Eu sempre fui bem ranqueado em todas as categorias Juniors pelo Brasil, viajei bastante para torneios internacionais, disputei 4 Grand Slams, enfim, tive um gosto do nivel do tênis mundial. Naquela época senti que eu não estava preparado pra jogar profissional ainda, tanto física quanto mentalmente. Meu coach na epoca (Patricio Arnold) jogou tênis universitário e ele me falou que foi o melhor ano da vida dele e eu decidi que seria a melhor opção para mim.

A MC Graduation foi quem cuidou da parte de conexões com faculdades. Preferi lugares menos frios, mais parecidos com o clima do Brasil, e o Mauricio (MC Graduation) me apresentou a UCLA, eu nem tinha muitas esperanças, tamanha importância. (risos)
Sell detalhou sobre suas participações no maior torneio universitário, o NCAA: "Tive a oportunidade de, no meu primeiro ano jogando, chegar a final do torneio, ganhar minha partida quando estávamos perdendo 3x2. Empatei o jogo e meu teammate ficou a um ponto de ganhar um national title para nós mas acabou perdendo. Melhor e pior memoria do meu college carreer (risos)"


O que mais aprendeu no tênis na UCLA? Como avalia a evolução dentro das quadras?

Sell: Tecnicamente o que mais melhorei foram meus voleios e jogo de rede, mas o que mais melhorei foi a maturidade. Entender o meu jogo, quais são minhas qualidades e fraquezas e como explorar esse conhecimento para jogar melhor em quadra. Também acho que me tornei mais profissional, cuido mais do meu corpo e da saúde porque tenho que estar 100% para competições.


Como se sente nos EUA e na Universidade? Como avalia a evolução fora das quadras?

Sell: Eu não tive muitos problemas em me adaptar a cultura nos EUA. Sempre tive um grupo de teammates incrível, um coaching staff que sempre me ajudou e pessoas na faculdade. Hoje sou o único sênior no time, então todas as pessoas que eu comecei a faculdade em 2012 já se formaram. Mas todos que vieram depois deles são caras ótimos.
Do meu primeiro ano pra cá, aprendi a lidar com os stresses de estudar e jogar tênis ao mesmo tempo. E mesmo que seja muito clichê aquela frase “o tempo voa”, realmente é isso que acontece, já estou no último ano. Aprendi a manter pessoas que sejam relevantes ao meu redor, que podem ter um impacto positivo na minha vida. Não importa o quão grande ou pequeno esse circulo seja, é o que faz valer apena. E também aprendi que não se pode desperdiçar tempo fazendo coisas que não te façam feliz.


De quanto em quanto tempo, em média, volta a Jaraguá do Sul? O que costuma fazer?

Sell: Tenho saudades do Brasil sim, por mais que o Brasil tenha varios problemas. Visito o Brasil uma vez por ano. Fico três semanas com minha família na nossa casa de praia em SC. Pretendo ficar nos EUA depois de me formar, criar uma vida aqui. Por mais que eu ame o Brasil, a qualidade de vida que você pode ter aqui é imcomparavel. Minha mãe não gosta muito (risos) por eu ser filho único, mas ela e toda família sempre me apoiou e me apoia nisso também.


Pretende voltar a competir no circuito profissional?

Sell: Depois de me formar (junho 2016), pretendo me aventurar um pouco mais no circuito profissional. Não quero olhar para trás e pensar “deveria ter tentado”. Vou dar certa atenção as duplas também, não apenas simples, pois vou jogar com meu parceiro de duplas dos meus dois primeiros anos aqui na UCLA.
Sei das limitações que a maioria dos profissionais jogando futures e challengers carregam. Financeiramente é
extremamente difícil fazer tudo profissionalmente como acontece aqui na universidade. Quando torneios pagam 1000 dólares para o campeão (Futures), você vai sair no
vermelho 95% das viagens. Pessoas acham que todo mundo que joga tênis profissional é rico mas na realidade 80 dos 10.000 tentando jogar realmente ganham dinheiro.


Como o Brasil é visto nos EUA atualmente? Como você vê o Brasil hoje?

É dificil de explicar para qualquer gringo como o Brasil, o melhor país do mundo, o mais divertido, esta sendo destruído por corruptos. As pessoas aqui nos EUA veem o Brasil como um país perigoso e muito atrasado.

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Curiosidades:

Kaurê conta que bate bola frequentemente com vários grandes tenistas: "com Mardy Fish, James Blake, Tommy Haas, Jack Sock, Andy Roddick. Também conheci o Djokovic, Serena, Maria Sharapova, Azarenka. Eles treinam aqui direto. O mais legal talvez foi que nesse verão joguei bastante com o Pete Sampras" (ex nº 1 do mundo, dono de 14 Grand Slams, atrás apenas de Federer).

Sell destaca a realização de um sonho: " Hoje ele tem meu número e eu tenho o dele, vou algumas vezes na semana jogar na quadra da casa dele e é sempre muito legal. Engraçado, as vezes penso que cresci vendo ele jogar, lá em Jaraguá do Sul, e hoje treino com uma lenda como o Sampras aqui em Los Angeles".
O jaraguaense enfatizou a importância de seus treinadores na adolescência: "sempre gosto de agradecer ao Patricio Arnold e Ivan Kley e todos do Itamirim Clube de Campo - SC, Treinei lá desde meus 11 anos e sempre dou credito a eles por tudo que eu conquistei.

 

Curtinhas:

O seu jogo mais importante até hoje?
- Vitoria na final do NCAA Tournament na temporada 2012-2013 para dar o time um chance do título

Federer ou Nadal?
- FEDERER FOREVER

Saibro ou quadra rápida?
- Rapida

O primeiro professor de tênis?
- Marcilio Silva e meu pai

O que mais sente falta do Brasil?
- Churrasco

Seu maior objetivo para o presente, e para o futuro?
- Jogar uma ótima temporada final na faculdade e me formar. Para o futuro, achar uma
profissão que me faça feliz, com ou sem tênis.

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