Por Fabrizio Gallas - Enquanto o mundo do Beach Tennis luta para sair da pandemia com atletas ainda com incertezas por conta do calendário da Federação Internacional de Tênis e carecendo de ajuda, uma boa notícia surge no esporte.
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A Confederação Brasileira de Beach Tennis a CBBT, que já existe há mais de dez anos, e atua paralelamente a outra entidade internacional que criou o esporte, a IFBT, comemora o reconhecimento do Governo Federal como esporte através da Secretaria de Esportes do Ministério da Cidadania.
Em bate-papo através de uma live na semana passada com o Tênis News, o mineiro Luiz Basile, diretor-técnico da entidade, destacou: "Não dá pra mensurar a importância disso para o Beach Tennis no Brasil, a CBBT é o órgão oficial do Beach Tennis na Secretaria Especial de Esportes no Ministério da Cidadania. São inúmeros benefícios", apontou.
Entre os benefícios estão a abertura maior para a aprovação de projetos de lei de incentivo federal, além da indicação para o bolsa-atleta em quatro esferas (estudantil, infantil, nacional e internacional).
"Temos direito ao bolsa atleta, lei de incentivo ao esporte, criar programas de treinamento para competição específica bancada pela Secretaria Especial de Esportes, várias coisas via governo para ajudar o atleta do beach tennis, é pegar o dinheiro do Beach Tennis e reinvestir no esporte. O que acontecia muito é que as entidades pegavam o dinheiro do Beach Tennis e injetavam em outro esporte, e é isso que não queremos fazer. Queremos colocar esse dinheiro no esporte."
A entidade acredita que com o anúncio irá aportar um número maior de atletas filiados e de organizadores de torneios. Hoje são 61 atletas filiados pagando R$ 120,00 anuais sendo quase 1750 atletas cadastrados no site da entidade. Os filiados além de terem desconto nas inscrições eles tem descontos em cerca de 2 mil sites do Clube Certo, entre eles NetShoes, Magazine Luiza, Ponto Frio, entre outros.
"A galera ainda não acreditou na CBBT, mas voltamos para ficar. Principalmente agora com o reconhecimento do governo. Temos o circuito catarinense, circuito gaúcho , circuito mineiro, tudo correndo atrás da lei de incentivo. O prazo é até setembro para dar entrada e a captação até dezembro, problema é que a empresa que vai investir precisa antecipar quatro meses desse pagamento dos impostos, dinheiro que a empresa pagaria em abril, ela tem pagar em dezembro, isso é um problema, se não for uma empresa com um lastro, complica um pouco. Pagar junto com folha de pagamento, 13º, férias... Estamos finalizando o projeto do circuito mineiro, e outros dois circuitos engatilhados, vamos pedir incentivo dos circuito, mineiro, gaúcho, catarinense, paulista, carioca, sul-matogrossense. Terminando os projetos para enviar ao ministério e correr atrás das empresas."
Sobre o Bolsa Atleta, os valores vão de R$ 314,00/mês para estágios do Estudantil e infantil, R$ 900,00 para o nacional, R$ 1.900,00 por mês para internacional e o Olímpico de R$ 3.100/mensais (este ainda não aplicado ao Beach Tennis que não é esporte olímpico).
"A CBBT define os torneios que vão valer para o Bolsa Atleta. Esse ano seria o Brasileiro, Pan-Americano e o Mundial do ano passado, sempre do ano anterior. O cara pode ser campeão, vice ou semifinalista para ganhar. Pro ano que vem ainda não sabemos quais serão os torneios que iremos apresentar para a Secretaria, vai depender do que tivermos de competição esse ano. No final do ano mandaremos ao Ministério os torneios que valerão para o bolsa-atleta, o atleta faz o requerimento. O Governo é que determina se dá ou não o valor do bolsa-atleta, vai depender se tiver verba ou não. O atleta precisa gastar todo o valor recebido enviando notas fiscais seja com material, inscrição, viagens. Só não sabemos quantos eventos ainda podemos escolher, algo que o governo ainda não passou pra gente."
Para realizar um evento CBBT o organizador desembolsa 20% de taxas das inscrições e os atletas são ranqueados nacionalmente e estadualmente e se quiser um evento internacional com ranking IFBT paga uma taxa única de no máximo US$ 180,00.
Basile ainda comentou sobre as polêmicas envolvendo os atletas ranqueados pela ITF . Cerca de trinta atletas, a maioria do top 30 masculino, criou a ABTP, Associação de Jogadores de Beach Tennis, paralela ao Conselho de Jogadores da ITF e fez duras críticas a Federação Internacional de Tenis por não olhar direito pelos pedidos dos atletas. Até o momento, a ITF diante da pandemia anunciou o aporte de cerca de US$ 5 mil para cada federação nacional utilizar em eventos.
"Depois dessa pandemia estou vendo a ITF bem enfraquecida. As pessoas estão se abrindo para as coisas", contou Basile lembrando da saída de Copacabana e Aruba, os mais tradicionais e importantes torneios do esporte, da chancela da ITF em 2020: " A ITF mostrou que não tem força, jogador vai pelo torneio, pelo local, pelo turismo, pela premiação e não pela chancela."
"Lá atrás quando a ITF apareceu dizendo que iriam fazer um grande investimento no esporte, fazer o esporte crescer, a verba do tênis seria investido no Beach, entao a ITF fez uma proposta para o Giandomenico Bellettini que era o presidente da IFBT, ofereceram um salário para ele para que o mesmo colocasse a IFBT dentro da ITF. Ele disse que gastou um dinheiro enorme com o esporte. O cara é inflexível? Pode ser. Mas ele criou o esporte, uma marca, a raquete. Aí os caras (ITF) chegam pra ele e mandam ele jogar na empresa deles (ITF) em troca por uma salariozinho. Ele Bellettini não aceitou. Então a ITF veio e pegou o braço direito da IFBT e jogou para dentro da entidade, criando o departamento do Beach Tennis. E o que o novo diretor da ITF falou? Para chamar esses caras (jogadores) pra cá é dinheiro, torneio valendo grana, e não deu outra, os caras foram pra lá. Mas quem defendia, divulgava, fazia dos jogadores de Beach Tennis uns astros, era a IFBT. Você chegava em Marina de Ravenna, berço do Beach Tennis mundial e tinha outdoors com Fotos dos melhores atletas de beach tennis do mundo. E agora? Por que não tem postagem nas redes sociais da ITF dos jogadores? Que divulgação você está dando? Você pega o cara que é número 1 do mundo e tem que fazer o cara virar o número 1 para Todo mundo ele é líder do ranking para quem? 15, 20, 50 mil pessoas? Se você não pegar seu dinheiro e reinvestir no esporte, o mesmo não vai crescer... é o que o Alessandro Calbucci e os outros caras estão vendo. A ITF não vai puxar pro lado deles".
O mineiro contou que a IFBT, hoje presidida pelo catalão Joan Egea conversou com o torneio de Aruba no começo do ano para reativar a parceria antiga que tinha com o torneio, mas a pandemia atrapalhou as negociações. O evento caribenho por enquanto está previsto para novembro.
"Já estavam conversando com o Marc de Aruba, tiveram conversa no início do ano antes da pandemia quando Aruba decidiu que não ficaria com a ITF. E não é a primeira vez que Aruba não faz um torneio chancelado pela ITF. Anos atrás a ITF não aceitou que o nome Sexy fosse um patrocinador de um torneio. Daí os promotores do torneio decidiram não fazer com uma chancela e o que iriam pagar de taxa deram em premiação. Que na época foi de US$ 50.000,00.”
Confira o bate-papo: