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2ª parte: Daniel Melo exalta número um e não garante Melo/Dodig para 2017

Segunda, 18 de julho 2016 às 14:10:40 AMT

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Tênis Profissional

Por Leonardo Mamede, em Belo Horizonte (MG) - Em meio à Copa Davis, em Belo Horizonte, o Tênis News entrevistou um dos personagens mais importantes do tênis brasileiro nos últimos anos: Daniel Melo, ex-jogador e técnico de seu irmão, Marcelo Melo.



A primeira parte do papo, que você pode ler aqui, contém as falas do técnico mineiro sobre a parceria de Marcelo com Bruno Soares, a expectativa para as Olimpíadas, a parceria de Marcelo com Bruno Soares e como será feita a preparação para os Jogos Rio-2016, além das falas sobre duplas mistas, com a possibilidade de o belo-horizontino se unir à Teliana Pereira.

No segundo e último segmento da conversa, Daniel fala da chegada de Marcelo ao topo do ranking da ATP, em novembro do ano passado, posto em que permaneceu durante vinte e seis semanas (vinte e duas de forma consecutiva), lugar que almeja recuperar , e o impacto dessa conquista. Ele também aborda o parceria com Ivan Dodig, cuja continuação está condicionada aos resultados deste fim de temporada, admite, e o atual cenário das duplas masculinas no circuito da Associação dos Tenis Profissionais. Aproveite!

NÚMERO UM DO MUNDO: REALIZAÇÃO DE UM SONHO E SALDO DO TOPO

“Quando o Marcelo se tornou número um, foi a coroação por toda a dedicação, toda a disciplina, todo o trabalho que ele fez dedicado à dupla”.

“Depois de chegar ao topo, apareceram algumas coisas, como um novo patrocinador, e isso foi muito bom. Mas o principal de tudo foi ter realizado um sonho de criança, que todo tenista almeja alcançar um dia (chegar ao número um). Foi muito gratificante mesmo”.

Questionado sobre uma possível interferência nos resultados por causa de compromissos com marcas apoiadoras, Daniel rechaçou qualquer prejuízo dessa ordem.

“Não teve um aumento tão grande. Tudo é um retorno. Todos os patrocinadores precisaram dele e ele atendeu a todo mundo. (Esse aumento) Foi benéfico para ele, que soube aproveitá-lo muito bem, soube usar muito bem a mídia. Foi ótimo, ele alcançou algo que sempre quis, mais ainda do que ganhar um Grand Slam (alcançar o número um), foi realmente a realização de um sonho”, reiterou.

“Quando ele chegou lá (no ápice da lista), as coisas melhoraram, porque ele uniu toda a experiência que já tinha com essa chegada, um algo a mais que lhe deu uma confiança maior, além de um respeito maior por parte dos adversários. Por isso, foi muito bacana e, desde lá, tem sido muito proveitoso”.

“A ida ao número um foi 100% positiva”, resumiu.

O ANO DE MARCELO: INÍCIO AQUÉM DO ESPERADO, EMBALO NO SAIBRO E ESPERANÇA DE UMA CONQUISTA EXPRESSIVA

O técnico, um dos auxiliares de João Zwetsch na equipe brasileira da Copa Davis, ainda avaliou a temporada de Marcelo Melo até o momento: apesar do mau início, Daniel ressaltou que o ano “começou na gira de saibro” e crê num grande título, nos torneios de quadra dura, para catapultar a performance da parceria braso-croata rumo ao fim de 2016.

“Este início de ano foi mais difícil para eles, que ainda não tinham engrenado. Mas, a partir da gira do saibro, com duas semifinais em Masters 1000 (Monte Carlo e Madri) e também semi em Roland Garros, defendendo o título, o que não é fácil, as coisas mudaram. Agora, (fizeram) outra boa campanha em Wimbledon (3ª rodada). Ainda espero um grande resultado dessa dupla, (será) como um outro momento, em que não estavam tão bem, chegaram à final de Wimbledon e tudo mudou, depois venceram o Masters 1000 de Xangai (nota da redação: isso ocorreu em 2013). (A chave) É dar sequência ao trabalho, nosso ano “começou na gira de saibro”. Tomara que dê certo, também, na gira dos Estados Unidos, fechando com o US Open”.

“Essa queda (no desempenho) acontece em todos os esportes, em simples e em dupla, seu rendimento baixa um pouco. Eles tiveram um grande 2015. (Na última temporada) O Marcelo foi indiscutível, terminou como número um, venceu um Grand Slam, também chegou à semifinal do ATP Finals. (A queda) É normal, principalmente nas duplas, em que você tem um parceiro com outras qualidades, outras características, outra personalidade. Ocorreu com o Bruno e o Peya, que tiveram grandes resultados por três anos e separaram. Os irmãos Bryan, que atuam juntos há mais de vinte anos, tiveram uma “crise” e caíram para o 8º, 9º lugar no ranking. É seguir trabalhando que os resultados voltarão a aparecer”.

“Até a 10ª, 12ª posição, todos, incluindo o Marcelo, têm condições de ganhar os grandes torneios e chegar ao topo do ranking. Às vezes, chegamos perto, em quartas, semi ou até mesmo final, mas é nesse grupo que estão os candidatos às vitórias nos campeonatos”, ratificou.

DINÂMICA NAS DUPLAS MASCULINAS E ANO COM DODIG. A PARCERIA CONTINUA?

O papo seguiu para o assunto ‘duplas na ATP’. Sobre isso, Melo afirmou que os campeonatos estão mais disputados, depois de o domínio absoluto dos irmãos Bryan chegar ao fim, e essa é a dinâmica que ele crê que será a tona do World Tour nos próximos anos: rotatividade no posto de líder do ranking e nas conquistas dos maiores torneios do planeta.

“Acredito que a (modalidade de) duplas esteja mais competitiva do que a simples por causa disto: esta dinâmica, este revezamento de parceiros forma duplas novas e muito boas, como os franceses (Paul-Hugues) Herbert e (Nicolas) Mahut, que já venceram dois Grand Slams desde o US Open 2015. O Bruno (Soares) mesmo, que tinha grandes resultados com o (Alexander) Peya, mas nunca havia ganho um Grand Slam, se juntou ao Jamie Murray e conseguiu triunfar num Major, no começo do ano (Australian Open 2016). Então, essa alternância de jogadores no circuito acaba o deixando mais difícil e faz os campeões rodarem”.

Em seguida, o ex-tenista, cujo auge no circuito mundial se deu em 2002, analisou o lugar de Marcelo neste círculo de grandes tenistas e o ano de sua dupla com o croata Ivan Dodig. Juntos desde 2012, eles tiveram resultados aquém do esperado no primeiro semestre de 2016.

“(Nesse cenário das duplas) A expectativa do Marcelo é seguir jogando com o Dodig. Claro que eles ainda não tiveram um resultado tão expressivo neste ano, no máximo chegaram à semifinal de Roland Garros, o que já é um grande resultado, apesar de inferior aos outros anos, como 2015, em que foram campeões de Slam (Roland Garros), ainda não apareceram. Mas, como eu te disse, o circuito é muito competitivo e, a cada semana, podem aparecer novos campeões”.

O desempenho abaixo da expectativa não abala o mineiro de 39 anos, que confia numa ascendente do “Girafa” no segundo semestre, mas ele revela que, após o US Open, acontece algo como um “mercado de transferências” entre os jogadores, e a possibilidade de uma separação, após quatro anos, não está descartada – dependerá dos resultados do segundo semestre.

“Eles estão sempre jogando os principais torneios: ATP 500, Masters 1000, Grand Slams. Já passamos da metade do ano, mas ainda temos pela frente vários Masters 1000, o US Open, possivelmente o ATP Finals (se Ivan e Melo ficarem entre as oito melhores duplas da temporada). Espero que eles ainda possam ter um grande resultado neste ano”.

“Até agora, não (haverá ruptura com o croata). Todos os tenistas conversam num período após o US Open (para definir os parceiros do ano seguinte), os jogadores “trocam muita ideia” após o torneio. Por enquanto, (eles) seguem fixos, jogarão até lá. (A continuidade) Vai depender um pouco dos resultados. Tomara que tudo dê certo e eles mantenham em 2017”.

DODIG JOGAR SIMPLES NÃO É PROBLEMA

Indagado se o fato de Ivan jogar com grande frequência também as provas de simples atrapalha, de certa forma, a parceria dos dois, o ex-jogador disse citou prós e contras, mas negou que traga prejuízo à uma das melhores duplas masculinas do circuito.  

“Isso não prejudica muito, mas é diferente quando seu parceiro joga simples. Você se dedica muito às partidas, às vezes ganha e tem que descansar, tem que fazer as coisas da simples já pensando na dupla. Tem o lado bom, como treinar muito saque, voleio, coisas que você transfere para as duplas, mas tem o lado negativo, como muitas vezes não poder treinar a dupla, por estar envolvido com as simples, ganhando os jogos nas simples. Esse é um lado não tão bom para quem tem um parceiro que se dedica exclusivamente às duplas, que fica trabalhando e treinando o ano inteiro para essa modalidade, mas é algo totalmente superável, assim como a gente vem superando nesses quatro anos de parceria. É como eu disse: seguimos firme, trabalhando, e os resultados vão aparecer”.

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