Por Luiz Gimpel, jogador profissional de Beach Tennis - Quando o Beach Tennis chegou ao Brasil, em 2008, o primeiro grupo de jogadores, liderado por Adão Chagas e Leopoldo Corrêa, se encarregou de criar a pioneira federação do esporte no Rio de Janeiro.
Era a FBTERJ (Federação de Beach Tennis do Estado do Rio de Janeiro), e a primeira confederação, a CBBT (Confederação Brasileira de Beach Tennis).
Essas entidades seguiam a linha da IFBT (Federação Internacional de Beach Tennis), à época o órgão internacional responsável pelo esporte, cuja dedicação se dava exclusivamente ao Beach Tennis.
Passado algum tempo de harmonia, a ITF (Federação Internacional de Tênis) lançou seu circuito de Beach Tennis, fazendo concorrência à IFBT e persuadindo os jogadores com a promessa de que se dedicaria ao esporte com o seu know-how em gestão e também com a maior facilidade na captação de patrocínios. Com a ajuda de jogadores líderes e formadores de opinião, a ITF conseguiu reunir forças e utilizou suas confederações cadastradas por todo o mundo para começar a fomentar o seu circuito.
Com isso, a CBT e suas federações filiadas começaram a fazer concorrência a CBBT e FBTERJ, que já contavam com circuitos consolidados. Milhares de torneios começaram a ser realizados, inclusive de forma simultânea, e os atletas passaram a ter de optar por qual circuito jogar. Beach tenistas importantes, como Guilherme Prata e Joana Cortez, incentivaram as entidades de tênis no Brasil, pois acreditavam que esse seria o melhor caminho para o esporte. Por conta de toda essa movimentação, a CBBT desistiu da briga, após inúmeros atritos com a CBT.
Hoje, o Beach Tennis no Brasil se resume ao trabalho de apenas uma pessoa, o coordenador do Departamento de Beach Tennis da CBT, Sr. Edwin Suikerbuik, que vem fazendo um trabalho muito bom, precisando se desdobrar para conseguir atender a todas as demandas. Com todo o investimento feito por atletas, organizadores de eventos e patrocinadores, esse departamento deveria, no mínimo, contar com uma equipe capaz de desenvolver o esporte de maneira otimizada, como a própria CBT faz com o tênis, em vez de sobrecarregar somente um profissional. Após a briga que perdurou meses com a Confederação outrora protagonista na modalidade, a entidade deveria justificar o apoio dos jogadores para com a CBT, pois a CBBT ao menos contava com todo um staff, além de ser uma entidade da própria categoria, e não uma divisão presente na federação de outro esporte. O mesmo acontece na ITF, onde um departamento mínimo cuida de milhares de jogadores e toma decisões definitivas, sem ao menos conferir “com os próprios olhos” o que está acontecendo. Será esse o tratamento que o Beach Tennis merece ter? Sendo somente um departamento complementar do tênis, sem possuir uma associação própria nem ser um esporte independente, que almeja, um dia, tornar-se olímpico? O esforço que uma seção precisa fazer é muito maior, se comparado a uma entidade exclusiva do esporte.
Está claro que nem a CBT nem a ITF se conscientizaram do potencial do Beach Tennis e de como ele pode crescer e se desenvolver nos próximos anos. Portanto, os jogadores precisam começar a lutar por melhorias, pois o espaço reservado a nosso esporte está defasado, se levarmos em conta o monstruoso crescimento experimentado pelo mesmo nos últimos anos e, principalmente, nossas aspirações e sonhos futuros. Já passou da hora de darmos passos equivalentes à força que possuímos.
Até a próxima pessoal,
Luiz Gimpel
Sobre Luiz Gimpel
De aspirante à tenista universitário nos Estados Unidos para estudante de Comunicação Social na ESPM e praticante ferrenho do Beach Tennis, a decisão de largar as quadras veio após o sentimento de amor à primeira vista com o novo esporte. Hoje, ocupo a posição de número 60 no mundo (ITF) e 9 no Brasil (CBT), além de já ter participado do Rei da Praia Carioca, ter sido convocado para um treino da seleção principal do país e conquistado o título mundial IFBT em 2013 com Narck Rodrigues.
A coluna Na Praia é escrita também por Horácio Mello.