X

Técnico vê ano de duro e de desafios para Orlandinho, mas mira top 250

Terça, 05 de abril 2016 às 15:45:32 AMT

Link Curto:

Tênis Profissional

Por Fabrizio Gallas - O ex-jogador argentino de hoje treinador no Itamirim Clube de Campo no Brasil, Patricio Arnold, bateu um papo com o Tênis News sobre sua jovem equipe de promessas do tênis brasileiro, dentre eles o ex-número um do mundo juvenil Orlando Luz, o Orlandinho.



Nesse papo, o argentino falou bastante do planejamento feito para a temporada 2016 de seus jogadores, que inclui participações em torneios importantes do circuito juvenil, trabalho mental e aprimoramento de golpes. Arnold também agregou à equipe no inicio do ano outra promessa brasileira, João Sorgi, que aos 22 anos busca retomar os grandes resultados e performances.

Além de Sorgi e Orlandinho, Arnold tem em sua equipe os jovens Rafael Matos, Marcelo Zorman e João Menezes, todos em fase final da transição entre o juvenil e profissional. Tirando João, que precisou submeter-se a uma cirurgia no joelho para fazer uma artroscopia reparadora de um problema congênito do jovem, todos os atletas têm trocado experiências e trabalhado juntos nesta fase que é crucial para definição da carreira profissional de um tenista, como conta do treinador.

João Menezes passou pela cirurgia em São Paulo no último dia 16 de março e deve retornar às quadras para treino em competições no segundo semestre deste ano. Esta não é a primeira cirurgia do tenista, mas Arnold faz questão de destacar que o jovem não sofre de uma lesão específica.

Aos 18 anos, Orlandinho chegou ao ponto derradeiro da carreira que é a entrada definitiva para o profissional. Sobre isso, Arnold comentou o momento: "Acho que vai ser um ano duro pra ele. (Ele) vai ter sucesso também, mas muitas derrotas. Isso será certamente um desafio e uma situação um pouco diferente do que ele está acostumado a vivenciar no dia-a-dia no juvenil".

"Por isso, o planejamento foi visando essa questão. Ele fez uma pré-temporada de seis semanas, entre janeiro e fevereiro. Visando uma boa preparação física, para o que ele vai enfrentar. Começou o ano com duas competições grandes, até para ele se conscientiza do que terá pela frente. É um planejamento para ele entender também até onde vai. A ideia é colocar o quanto ele precisa trabalhar e onde ele quer chegar", prosseguiu.

De acordo com o mentor de Orlandinho participar como convidado dos qualificatórios dos dois ATPs brasileiros (Rio Open e Brasil Open em São Paulo) "foi fundamental" para o desenvolvimento do jovem. "Eu sei o quanto ele tem que evoluir, mas (participar) acaba fazendo com que a própria pessoa sinta na pele o que precisa. A experiência foi excelente. No Rio ele começou um pouco ansioso o jogo, nervoso, mas conseguiu jogar o que poderia e conseguiu enfrentar de igual para igual um jogador 100 do mundo. Mas ele percebeu o que precisa e o quanto vai ser difícil manter ser nível semana após semana", pontuou o treinador.

Nesta semana, Orlandinho tem o Masters juvenil a ser disputado na China e por isto questionamos seu treinador sobre ainda misturar o calendário profissional do juvenil. "Se ele puder entrar num torneio grande juvenil, tipo um Grand Slam, é válido jogar", definiu Patricio Arnold que ainda questionou opiniões contrárias a sua:

"Qualquer pessoa que opinar diferente a isso entende pouco de tênis. Você não pode tirar aquele pessoal que pode jogar um Grand Slam, mesmo que juvenil, dizendo: 'Você não vai jogar porque já jogou'. O ano tem 53 semanas, dá pra fazer. A base (do calendário) não será o juvenil. Mas se aparecer a oportunidade, dá pra fazer, por mais que ele tenha jogado três, quatro, cinco vezes é extremamente válido", declarou Arnold que vê na disputa destes grandes torneios juvenis pontos importantes para a profissionalização do gaúcho.
O sucesso de Orlandinho no juvenil preocupa os mais céticos no Brasil, pois Tiago Fernandes, campeão juvenil do Australian Open desistiu aos 23 anos, Fernando Romboli, número dois juvenil nunca engrenou no profissional, assim como Thiago Monteiro demorou para aparecer.

Arnold vê Orlandinho um caso parecido com o de Monteiro e justifica a 'frustração' com certas promessas do juvenil: "(Para sul-americanos) O processo é um pouco mais lento após o juvenil. Olhe o Thiago Monteiro, você vê também argentinos que tiveram sucesso no juvenil e demoraram a engrenar: (Facundo) Bagnis, (Guido) Pella, (Agustin) Velotti. É segurar a cabeça e trabalhar", declarou.

Para o treinador em alguns casos, talvez, a base da transição não tenha sido boa. Coisa que ele testemunhou e não aconteceu com Monteiro, que "chegou com 18 anos com uma situação boa, agora com mais maturidade. É uma realidade", nas palavras do argentino.

Patricio Arnold destaca que o processo é cultural e também físico e por isso os jovens da região demoram a engrenar no circuito profissional: "Um exemplo: o (Taylor) Fritz, depende de dois golpes, saca incrível e tem um ou mais dois golpes. É diferente de um sul-americano que tem um jogo mais físico, que depende do fundo de quadra. O amadurecimento é necessário nesse ponto".

 

O treinador revelou o que pretende trabalhar com Orlandinho em busca de melhorias: "Ele tem treinado muito saque. Ele melhorou muito, mas precisa melhorar mais ainda. O saque é o primeiro lugar, o backhand dele precisa melhorar a qualidade, pois ele apoiava muito na direita. Ele também precisa trabalhar na consistência. E depois, obviamente, a questão física de modo geral, para você trabalhar de modo geral um trabalho físico", este para melhorar condicionamento e prevenir lesões, com espaços específicos no calendário para fazer apenas este trabalho.

Apesar de ser um ano de transição e de muitas derrotas, o treinador tem como uma meta alcançável do gaúcho atual 468º colocado o top 250. 

Por fim, Arnold falou sobre o mais novo membro de sua equipe, o paulista João Sorgi, de apenas 22 anos, que teve sucesso no juvenil e ainda busca seu lugar ao sol no profissional: "Lembro que ele tinha um saque e uma direita muito bons e não sei o que aconteceu nesse meio tempo (na transição), mas ele foi deixando de usar essas duas armas. Ele aperfeiçoou outros golpes e ficou sem arma. (Eu) acho que hoje em dia é fundamental ter ao menos duas armas no tênis masculino. Ele treinou conosco quatro semanas e viajou. Para nós, ele é um desafio a ser recuperado", finalizou.

teninews.com.br
br.jooble.org