Zebra no ano passado, Vanni quer voltar a brilhar em São Paulo

Por Ariane Ferreira - Atual vice-campeão do Brasil Open o italiano Luca Vanni é das grandes histórias do torneio. Ele, que nunca havia jogando um ATP ou tido jogo transmitido pela TV, contou ao Tênis News o que a conquista em São Paulo mudou em sua vida.

"Depois da final, tornei-me centésimo do mundo. Tive a oportunidade de jogar contra jogadores do top 100. Ano passado joguei com gente talentosa como (Bernard) Tomic e tantos outros. Acredito que (o vice-campeonato do Brasil Open) mudou minha confiança de poder estar de frente aos melhores do mundo", declarou o tenista italiano.
Luca Vanni contou que sempre esteve tranquilo em relação a seus recursos técnicos, mas destacou que a grande mudança que o torneio paulistano trouxe foi mental: "O que mudou mesmo foi eu confiar em mim e no meu potencial. Depois daqui de São paulo joguei duas chaves de Grand Slam - Roland Garros e Wimbledon. Furei o quali e joguei a primeira rodada do Masters de Madri (Espanha). O que mudou realmente foi dentro da minha cabeça".
Além da grande mudança de furar o quali de um torneio ATP pela primeira vez na carreira e alcançar a final, outro feito mudou radicalmente o dia a dia do tenista italiano. Vanni recebeu como prize money valor à época equivalente a R$118 mil reais, a maior premiação que já havia recebido na vida.
O italiano contou que o valor fez muita diferença em sua carreira e tornou possível suas viagens em 2015. De acordo com ele, quem vai além do top 100 tem "fácil" poder viajar e competir pelo mundo, já os demais não.
Vanni falou também da diferença que encontrou ao sair do circuito Future e adentrar as disputas de torneios nível ATP. "Tudo é muito diferente. Um torneio ATP, um Grand Slam tem muita diferença de organização. Entretanto, acredito que a 'quadra de tênis', o jogo, é o mesmo de um torneio Future, um Challenger ou um ATP. O jogador tem que se preservar e pensar apenas no jogo. Essa coisa de estrutura e organização não entra em quadra".
Questionado sobre se a conquista no Brasil Open te trouxe patrocinadores, o tênis falou de apoios pontuais, nada fixo e também declarou que a Federação Italiana de Tênis também não apoia os jogadores profissionais. Entretanto, o tenista destacou o convite que recebeu para a disputa do Masters 1000 de Roma, em maio de 2015.
Como não podia deixar de ser, os processos de venda de resultados no tênis, grande polêmica do atual tênis mundial, que colocou dois tenistas italianos nos bancos dos réus, foi tema da conversa com Luca.
"Eu conheço bem Potito Starace e Daniele Braccialli porque treinei com eles na Toscana, em Arezzo, por uns cinco anos. Não sei muito o que pensar. Eu não tenho certeza se eles participaram destas coisas de apostas ou não. Não posso afirmar com segurança", declarou o tenista que disse que para ele essa era uma coisa nova, mas pontuou que isso não pertence ao esporte, qualquer um, verdadeiramente.
Luca Vanni criticou a justiça italiana: "A justiça tem sido muito, muito lenta. Se passou um ano e meio e até agora nada. Não sabemos se são ou não culpados. Espero que a justiça italiana trabalhe do melhor modo possível e mostre o que aconteceu", cobrou.
Ainda sobre o tênis italiano, Vanni revelou que para todos a conquista de Flávia Pennetta no US Open foi uma "surpresa". "Uma surpresa a conquista de Flávia e a final de Roberta (Vinci). Elas são duas lutadoras, muito humildes. Sou muito orgulhoso de que sejam italianas e fiquei muito feliz pela conquista delas. Elas merecem", declarou.
Tendo o torneio paulistano como o seu favorito no circuito profissional, Vanni contou ainda que veio dias antes para conhecer a cidade que mudou sua vida. Natural de Castel del Piano, com 10 mil habitantes, Vanni se disse encantado pela grandeza de São Paulo com seus quase 20 milhões de habitantes.
Supersticioso, o tenista italiano escolheu hospedar-se no mesmo hotel de 2015. "Ano passado eu estava sozinho, este ano estou com meu treinador. E isso me recordou tantos momentos bonitos do ano passado", comentou ele que agora consegue viajar com seu treinador Fabio Gioretti.
Vanni, que foi visto pela família competindo pela Tv pela primeira vez no Brasil Open, revelou que foi recebido em casa com uma tradicional e grande festa de Carnaval italiana.
O tenista também falou da reação de sua mãe após seu retorno: "Minha mãe ficou orgulhosa de mim. Na minha carreira tive alguns infortúnios, como as lesões e cirurgias no joelhos, o retorno foi com muita luta e trabalho e ela viveu isso comigo, então minha mãe era só orgulho".