Por Ariane Ferreira - O Tênis News bateu um papo com Carlos Eduardo Severino, uma das promessas do tênis nacional, que encontrou em seu treinador, Ricardo Acioly, porto seguro para mudar fora de quadra e crescer no esporte. Cadu sonha alto, mas segue com pés no chão.
Aos 24 anos, Severino ocupa o posto de 405º do ranking da ATP, uma posição inferior ao seu melhor ranking há duas semanas, e tem claro que o salto de mais de 300 posições na temporada tem muito do trabalho de seu treinador, Ricardo Acioly, o Pardal, e seus conselhos.
"Tem uns 2 anos que comecei a treinar lá e o Pardal, de lá pra cá, tem me ajudado muito no aspecto em quadra e principalmente fora dela. Eu não vinha fazendo coisas boas fora da quadra. Daí, estava afetando muito o meu jogo e eu achava que era meu jogo, que estava mal, e não era. Eu não estava bem fora de quadra e ele me ajudou muito. Sempre que converso com ele, é mais fora de quadra do que dentro. Ele me ajudou muito e os resultados estão vindo por isso", comentou ao inicio da conversa após ser derrotado de virada na estreia no Challenger de São Paulo, na última terça-feira.
Cadu, como é conhecido no circuito, afirma que foi o despreparo pessoal que o fazia cometer esses erros fora de quadra. O tenista contou que foi Pardal que percebeu que algo aquém do jogo estava errado: "Um dia ele parou comigo e conversou muito tempo sobre isso. Ele me disse: "não necessariamente é o trabalho que você está fazendo em quadra que está te fazendo perder. O que você está fazendo fora de quadra?" me perguntou e eu estava tipo: dormindo tarde, não me alimentando muito bem... coisas pequenas... Até coisas materiais, ia treinar com duas raquetes de vez enquanto, esquecia de encordoar e hoje em dia estou mais focado fora do que dentro da quadra", revelou.
Severino contou que não chega a ficar "bitolado", mas que assim que as cordas arrebentam corre rapidamente para encordá-las. Ele ainda revelou que mesmo de férias se lembra da rotina de treinos e competição e acaba dormindo cedo ou se preocupando quando dorme mais tarde.
Cadu conta que o "pulo do gato" para sua evolução na temporada foi ganhar confiança após vencer os Futures de Belém e São José dos Campos no meio do ano e que isso lhe deu confiança para vencer seus primeiros desafios em nível Challenger: "Eu nunca tinha furado um quali de Challenger, sempre chegava em segunda rodada ou última e não conseguia. Esses dois títulos me ajudaram também a ganha um pouco mais de confiança para acreditar em mim. Eu treinava bem, fazia tudo bem e batia na trave. Doía", revelou.
O pupilo de Ricardo Acioly conta que jamais pensou em desistir do tênis, mesmo com os resultados adversos: "Eu sabia que tinha nível de jogo para ir de igual pra igual, mas eu tinha que melhorar algumas coisas", contou ele que acredita que precisa erra menos e "ficar mais nos pontos", como principais pontos a melhorar seu jogo: "Eu sou um pouquinho ansioso", aponta ele que tem um trabalho psicológico forte com Aparício . "A gente está sempre tentando trabalhar isso. Antes dos jogos ouço música, isso ajuda a relaxar e entrar um pouco menos ansioso em quadra", disse.
Cadu contou ainda que é do tipo que gosta de ter alguém próximo torcendo por ele em quadra, mesmo um companheiro de treinos: "Ter alguém ali te dando uma força, te ajudando é sempre bom".
O tenista seguirá as próximas semanas de competição no Chile, onde disputa o Challenger de Santiago e um future. A ideia dele e de seu treinador é manter a meta de 2015, que era furar o top 300, o que aconteceu a Severino nesta semana. Cadu tem a seis pontos a defender até o fim do ano, portanto poderá iniciar bem 2016, ao para o qual ainda não tem plano ou metas traçadas. "A gente precisa ver como vai acabar o ano. Vamos conversar e traçar uma meta na pré-temporada", apontou.
Com o sonho a médio prazo de alcançar o top 100, Severino releva que não é nada fácil viver do tênis: "Ainda mais nessa transição que a gente está. A maioria das semanas a gente acaba gastando mais que ganhando, mas no inicio é assim mesmo", pontuou.