Uma das principais promessas do tênis da Romênia decidiu denunciar o incentivo do uso de "substâncias" estranhas por parte da equipe da academia de Patrick Mouratoglou, ao menos entre juvenis. As substâncias são diferentes das receitadas por médicos.
O nome da denunciante é Maria Sara Popa, de 18 anos, atual 448ª da WTA e com melhor ranking 187º no juvenil alcançado em 2021. Popa falou com exclusividade ao meio romeno AS e explicou tudo o que viu na academia localizada em Nice quando tinha 12 anos.
"Quero que termine bem, assim como todas as pessoas que a apoiam", iniciou sua fala ao comentar o resultado positivo da principal tenista do país, Simona Halep que foi condenada a 4 anos de suspensão do esporte por ter testado positivo para Roxadustat.
"Houve erros de ambos os lados", segue analisando Popa. "Talvez ela tivesse que ter cuidado também, talvez Mouratoglou tivesse que ter cuidado, para dizer exatamente quando ela deveria lhe entregar aquela substância. Não sei os detalhes e não quero entrar muito nisso. Não conhecemos os meandros. Há atletas que tomam essas substâncias, mas não são pegos porque sabem exatamente quando remover a substância e sabem exatamente quando tomá-las", alertou.
"Eu, por exemplo, fazia testes semanais e nunca tirava (substâncias). Mas não posso colocar a mão no fogo pelos outros atletas. Os suplementos são diferentes das substâncias que preparadores físicos e médicos das academias receitam aos atletas. Os suplementos são exatamente as pílulas do dia que cada pessoa pode tomar", revelou.
"Eu tinha 12 anos quando treinei na Academia Mouratoglou. É verdade que, desde cedo, os atletas recebem algumas substâncias", pontuou ela a respeito da especulação que circula na imprensa local de que até tenistas juvenis são incentivados a consumir substâncias não associadas a suplementações.
"No juvenil não há tanto controle antidoping. Ele permite que você cresça um pouco, faça 17 anos e a partir daí os controles começam mais intensamente", destaca ela revelando que jovens tenistas e seus pais são induzidos a assumirem responsabilidade pelo consumo destas substâncias na academia do ex-treinador de Halep e Serena Williams.
"Jogadores e pais devem concordar. Eles recebem uma folha de papel e têm que assinar para concordar em tomar essa substância. Aquela foi primeira vez que fiquei com medo, eu realmente não sabia o que estava acontecendo", pontuou ela sobre o tema.
A Patrick Mouatoglou Academy é a mais famosa academia de tênis no território francês e uma das maiores do mundo. Atualmente fazem parte de sua equipe de elite a norte-americana Coco Gauff, o grego Stefanos Tsitsipas, australiano Alexei Popyrin, e as imãs tchecas Linda e Brenda Fuhvirtova.
A jovem brasileira Victoria Barros de 14 anos, passou a treinar na academia francesa em dezembro de 2022.
Vale ressaltar que Simona Halep trabalhava há quatro meses na academia de Patrick Mouratoglou quando testou positivo para Roxadustat durante o US Open 2022. Depois de ter sido punida em quatro anos de suspensão do esporte profissional, Halep viu Mouratoglou e sua equipe assumirem publicamente que receitaram a ela o "suplemento", mas não a substância ilegal. Halep, seus advogados, uma equipe laboratorial independente contratada pela defesa da tenista e Mouratoglou afirmam que houve contaminação cruzada no suplemento em questão.