O tênis australiano de ídolos como Rod Laver, Pat Rafter e Lleyton Hewitt foi buscar o espanhol Felix Mantilla para ensinar o segredo do saibro aos jovens talentos do país.
“A base do tênis está no saibro”, assegura o tenista de 37 anos e que alcançou o 10º lugar do ranking mundial em 1998. Mantilla, que nesta semana acompanha os atletas australianos no Aberto de Santa Catarina, em Blumenau, trabalha desde 2008 para a Federação Australiana de Tênis com garotos de 14 a 17 anos. “Quem joga no saibro se adapta com mais facilidade no piso rápido”, ensina o catalão, dono de 10 títulos em torneios ATP (Associação dos Tenistas Profissionais).
Nestes quatro anos, Felix Mantilla trabalha com vários garotos, entre os quais se destacam James Duckworth, 20 anos, atual número 186 do mundo e que disputa o Challenger em Blumenau, Bem Mitchel, de 19 anos e número 228, Luke Saville, atual campeão júnior nos torneios Grand Slam da Austrália e de Wimbledon, e Jason Kubler, número 1 do ranking mundial júnior em 2010. O técnico espanhol, no entanto, espera dar uma mexida no trabalho. Depois de 20 anos viajando pelo circuito como tenista profissional, passar nove meses fora de casa está sendo desgastante. “A ideia é montar uma base em Barcelona para estes garotos treinarem”, explica, lembrando que assim os jovens também teriam mais facilidade de disputar bons e difíceis torneios no saibro na Europa. A decisão será tomada em reunião a ser realizada durante o Aberto da França, em Roland Garros, que se inicia em 27 de maio.
FUNDAÇÃO - Além de se dedicar ao projeto da Federação Australiana de Tênis, há dois anos, Felix Mantilla direciona seu tempo para a fundação que leva seu nome – Fundación Felix Mantilla (FMF) – e tem como foco chamar a atenção para a importância da prevenção contra o câncer da pele, especialmente de atletas e profissionais que ficam muito expostos ao sol. Depois de superar a doença, que descobriu há cerca de seis anos e o afastou das quadras por um período. “O objetivo é conscientizar as pessoas sobre as medidas necessárias para se proteger do sol”, observa. Uma das ações desenvolvidas está direcionada justamente para jovens atletas.
Mantilla também fala sobre os três primeiros tenistas da atualidade no circuito mundial. “Djokovic é um jogador que evoluiu muito mentalmente. Há quatro anos, não tinha a confiança que demonstra ter agora em partidas importantes”, comenta. Quanto ao seu compatriota Rafael Nadal, acredita que voltará a ser o número 1. E classifica Roger Federer como um fenômeno. “É o melhor dos que já existiu”, opina.
Integrante da Esquadra Espanhola durante os anos 90, chegando a travar alguns duelos com o brasileiro Guga Kuerten, Felix Mantilla observa que a diferença mais marcante da época em que estava no circuito para os dias de hoje quando se fala em especialistas no saibro está na quantidade de favoritos. “Antes, nos torneios importantes no saibro, não se tinha uma única possibilidade de vencedor. Oito tenistas tinham chances de vencer. Hoje, temos no máximo quatro nomes, embora o nível técnico esteja até maior”, observa o técnico que se aposentou das quadras como tenista profissional em 2007.