Por Carlos Omaki - A pandemia e suas paralisações deixaram marcas profundas em todo o planeta com planos, metas e projetos sendo adiados, perdidos ou que necessitam ser reprogramados.
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No tênis não poderia ser diferente e o mundo presencia um cenário de muitas mudanças e incertezas do infantil ao profissional.
Pensando que os clubes são os maiores celeiros de formação de jovens atletas e os mesmos se encontram até hoje em restrições ou com os programas de formação parados, além de todo o período onde as academias estiveram fechadas, logo teremos o saldo de todas essas mudanças nas categorias de base.
Com o competitivo não é diferente do infantil ao profissional.
No circuito profissional temos visto bolhas, quarentena em hotéis e várias medidas que no mínimo alteram a rotina dos jogadores e mesmo assim casos atípicos como o do brasileiro Marcelo Demoliner que viajou para Monte Carlo para jogar duplas com o russo Daniil Medevedev, número 2 do mundo, que contraiu o vírus e não conseguiu entrar em quadra.
Demoliner postou em suas redes sociais os altos preços que pagou para ir a Mônaco.
Thomaz Bellucci contraiu o vírus na República Tcheca e teve que ficar preso no país resguardando quarentena.
Casos estes que o mundo viu, mas que acontecem aos montes com os atletas jovens - que não foram divulgados -, mas que também causam desconforto, desgaste e gastos excessivos.
Recentemente uma delegação de Santos partiu para Quito no Equador para uma gira de quatro torneios e antes do final do primeiro foram surpreendidos com um lockdown da cidade e viram os três torneios seguintes serem cancelados. Outra delegação de São Paulo teve o treinador infectado pelo COVID-19 em La Paz, na Bolívia, e teve toda a delegação desclassificada tendo que dividir o grupo onde os infectados tiveram que ficar em quarentena e os não infectados voltarem para o Brasil sem jogar e sem o treinador.
Tivemos também o caso de mãe e filha de Florianópolis que contraíram o vírus e tiveram que mudar completamente a previsão financeira da viagem à América Central arcando com os custos da quarentena.
Em Mogi das Cruzes (Copa SP) tivemos casos menos incomuns como a derrota em primeira rodada de uma atleta de Manaus que veio acompanhada do pai e do treinador.
Custos e investimento teoricamente normais porém para uma competição atípica com um formato de jogos mais curto e sem a realização das duplas. Esta jovem que é a 2º do Brasil da categoria 12 anos, viajou de Manaus a São Paulo com pai e treinador para jogar apenas 10 games. Não mais do que um set normal na maioria dos casos.
Estes exemplos são apenas alguns poucos em meio a muitos onde planos são profundamente alterados na programação dos competidores.
Fora os problemas resultantes da pandemia diretamente outros fatores tornam tudo mais caro e complexo.
Como muitos torneios foram e vem sendo cancelados os jogadores precisam aguardar até o último momento para organizar a logística de passagens aéreas , reservas de hotéis e etc.
Passagens aéreas como a mencionada pelo duplista Marcelo Demoliner que compradas de última hora são muito mais caras e que com os testes obrigatórios de COVID com no máximo 72 horas antes do voo e onde em caso positivo o passageiro obviamente não pode viajar, forçando aos altos custos e muitas vezes a rotas e escalas complexas, caras, demoradas e cansativas.
O PCR obrigatório também antes da volta que custa entre 100 e 150 dólares por pessoa, força os viajantes ao perigoso ambiente hospitalar deste momento e a tensão do prazo e o resultado para o embarque para casa é apenas mais um pequeno detalhe que torcemos para não ser parte definitiva do tão esperado novo normal.
O fato é que circunstâncias de momento ou novo normal todos estes desafios são enfrentados por atletas do mundo inteiro para não terem seus sonhos destruídos por um adversário cuja estratégia é ainda completamente desconhecida e seus golpes seguem sendo assustadores.
Mas, uma coisa é certa:
Seguiremos atrás dos sonhos com a mesma garra contra todas as dificuldades, seja contra os adversários conhecidos ou o completo desconhecido.
Segue o jogo.
Sobre Carlos Omaki
Carlos Omaki é treinador de tênis há 38 anos. Uma das referências do tênis nacional, dono de duas premiações como Melhor Técnico das categorias de base do Tênis brasileiro, é proprietário da COT (Carlos Omaki Treinamento) tendo equipes na Academia Paulistana de Tênis, Club Athletico Paulistano e Tênis Club Paulista e com seu staff de treinadores cuida de cerca de 500 atletas na cidade de São Paulo.