Por Fabrizio Gallas - Na disputa do torneio future do Rio de Janeiro, o paulista de Caraguatatuba, Igor Marcondes conversou com o Tênis News e destacou o caminho que vem refazendo após sua suspensão de nove meses por doping e a luta para vencer no tênis mesmo com dificuldades.
Marcondes surgiu como uma das grandes promessas do tênis nacional, fez final do tradicional Banana Bowl em 2015 perdendo para Orlando Luz, ficou perto do top 700 como profissional em 2017 e quando alavancava a carreira recebeu a notícia da suspensão pela substância de hidroclorotiazida em meados de 2018. Sem patrocínio e com poucos recursos, jogou apenas dois torneios de simples no circuito mundial em 2019 e vem ajustando seu tênis há quatro meses na academia ADK Tennis, no Itamirim Clube de Campo, em Itajaí (SC) onde vem renascendo para o esporte.
"Tudo acontece por algum motivo. Foi muito ruim ficar esse tempo parado, fiquei um pouco atrasado de jogo, de ranking, mas amadureci muito. Aprendizado maior foi que é preciso ter cabeça sempre firme pois não adianta ter golpe e físico se a cabeça não está bem", disse o atleta.
"No começo da suspensão do doping foi bem difícil, mas depois tratei e levantei a cabeça, me perguntei se era isso mesmo que queria e sim, estou pagando o preço dentro da quadra, ralando e pagando ainda mais o preço por ter ficado esse tempo todo parado, mas seguindo em frente e nada de se vitimizar", destacou o tenista de 22 anos que após o doping passou a treinar na academia onde seu pai dá aulas há 29 anos, a Top Spin, em Caraguatatuba, e após vencer dois CNIPs em Itajaí e ganhar o direito de disputar futures no Brasil em Curitiba e São José do Rio Preto, recebeu o convite para treinar na academia sob à tutela de Patrício Arnold, Luiz Peniza e Ivan Kley em Santa Catarina.
"Fui jogar dois torneios CNIPs em Itajaí, conversei e acabei fechando com a ADK Tennis e essa mudança pra mim foi muito boa. Acho que estou no meu melhor ano tecnicamente, não de resultados, mas melhor momento jogando, de cabeça, Me sinto confortável e feliz. Me sinto adaptado, foi muito fácil principalmente por ser cidade de praia, venho de cidade de praia", apontou o atleta que fez semifinal em Curitiba, parou na estreia no interior paulista e nesta terça-feira furou o quali no Rio de Janeiro.
Marcondes vem confiante com seu tênis e tem como referência na ADK o mineiro João Menezes que conquistou um challenger, fez uma final e outra semi além do título no Pan-Americano em Lima garantindo praticamente a vaga na Olimpíada de Tóquio em 2020 (precisa estar no top 300, atualmente é o 208).
"Treino bastante com o João Menezes quando ele está lá pois viaja bastante, ele em um nível muito bom, acima, jogando bem, tento pegar o máximo de experiência apesar de ser apenas um ano mais velho que eu, mas jogou Pan, Copa Davis, quase furando o quali do US Open. Na quadra fico com o Luiz Peniza, quando o Patrício fica lá treino com ele também".
Além de ter focado em ajustes no seu jogo em Itajaí, Marcondes não conseguiu jogar com maior frequência por conta de problemas financeiros para viajar o circuito profissional. E os torneios de grana além de alguns pequenos apoios o ajudam a sustentar no esporte.
"Não viajei muito para ajustar umas coisas no meu jogo que a equipe optou acertar detalhes e também parte financeira. Amigos do meu pai me ajudam e um cara de São José dos Campos que me ajuda em Itajaí e nas passagens, rebolando de um lado a outro. Vou fazer esses dois torneios, fazendo caixa financeiro jogando torneios de grana, os que dá, descansando também. Negócio é não ficar lamentando, não posso fazer a gira que gostaria, mas treinar nos que dá pra ir", disse.
"Eu pensava que precisava melhorar parte física e cabeça, mas chegando na ADK ajustaram o forehand, o saque, gostei bastante, estou me sentindo bem, confortável e acredito no que eles me passam e sempre que tiver algum ajuste estarei de cabeça aberta porque é para melhor".
Após o torneio do Rio de Janeiro, Marcondes seguirá para São Paulo e uma série de quatro futures na Tunísia. Ele tem um objetivo na temporada e deseja viver do tênis: "Livre de pressão não jogo pois é jogar sem objetivo, mas gostaria de ganhar um future até o fim desse ano nos seis torneios que ainda tenho", apontou: "Quero viver do tênis, jogando tênis, minha profissão, me manter jogando tênis."
Sua estreia na chave principal será nesta quarta-feira diante do argentino Francisco Comensana.