Por Fabrizio Gallas - Natural de São José dos Campos (SP), Leandro Afini possui vasta experiência como treinador no Brasil e nos Estados Unidos e comanda a Afini Tennis no Clube de Campo Santa Rita. Mas poucos sabem que o técnico ajudou no desenvolvimento de Thomaz Bellucci.
Leandro foi um bom juvenil, mas optou por
cursar administração de empresas na PUC no
Paraná e ao término passou a dar aulas de tênis, trabalhou como técnico em Orlando nos Estados Unidos, e no retorno foi chamado para ser um dos treinadores da academia de Eduardo Eche, na capital paulista. Pouco depois, em 2007, Afini e Eche optaram por ampliar a equipe que já contava com Ricardo Hocevar, Henrique Pinto e Silva e Gabriel Pitta e acertaram com Bellucci.
"Na época achamos que poderíamos chamar outros jogadores. Fomos a um future em Sorocaba (SP), eu e Eduardo, e haviam três jogadores que estavam sem local para treinar, o Thomaz Bellucci, o Eric Gomes e o Tiago Lopes, os três toparam em trabalhar conosco. Thomaz acabou ganhando aquele
future, o único que venceu na carreira", conta Leandro.
"Foram alguns meses de trabalho com o Bellucci. Ele já vinha subindo, mas a partir dali foi desenvolvendo. Pouco depois que começou conosco ele fez duas finais de challengers (ambos na América do Sul), uma semi em Campos do Jordão (SP), depois fomos pro quali do US Open. Ele começou conosco como uns 500 e pouco e pouco tempo depois já era 220. Foi uma ascensão meteórica, mas não foi uma surpresa. Depois ele foi pra Copa Davis contra a Áustria jogou bem, chamou a atenção da Koch Tavares que já vinha
conversando com ele e achou que era o momento de mudar. Estava na cara que rapidamente ele viraria um top 100".
"Bellucci é muito trabalhador, é muito sério,
faz o que tem que ser feito, ele está todo
dia no horário, chega até antes, não nega
treino, ele merece estar onde está."
Leandro defende seu ex-pupilo que vez ou
outra é crucificado pela torcida e imprensa
após derrotas precoces. Para o ex-técnico, a
cobrança é excessiva: "Thomaz é um cara
tímido, talvez atrapalhe um pouco ele pra visão das outras pessoas, pode passar uma
imagem negativa, mas não é, é uma ótima pessoa, ele se dá bem com todo mundo, jogadores, árbitros, etc. O nível que ele está jogando hoje é muito forte, a cobrança em cima dele é exagerada, o valor que se dá pra ele é muito menor do que ele fez e vem fazendo, ele já foi 21 do mundo, o segundo de melhor desempenho no tênis masculino do Brasil, só ficando atrás do Guga."
Afini ainda aposta que nosso número 1 possa
alçar voos mais altos no circuito, como por
exemplo, virar um top 10: "A parte emocional
pode atrapalhar, mas ele vem trabalhando e já começa a demonstrar evolução, o nível que
ele joga é muito forte, questão de um
detalhe ou outro para você decolar. Ele
esteve perto de ganhar de um Djokovic que
estava imbatível ano passado, se ganha ali
com certeza iria rumar ao top 10. Bellucci
tem bola para estar entre os dez melhores".
Outra deficiência do tenista são os
resultados no piso duro. Na visão de Afini,
é questão de tempo para que o natural de
Tietê possa colher frutos: "Bellucci é um tenista em evolução e com certeza vai obter
mais resultados em quadra rápida, ele tem um
perfil que se encaixa bem com o piso.
Acredito que o problema possa estar na parte
da movimentação. O Guga por exemplo é um
cara que no início tinha melhores resultados
em saibro, mas foi evoluindo na rápida, resultados começando a aparecer e muita gente aposta que ele iria vencer um Grand Slam em quadra rápida caso não tivesse a lesão no quadril".
Diretor de Torneio - No mês passado, Afini
iniciou sua empreitada como diretor de
torneio organizando sua primeira competição,
o 1º ETEP/ BAND Future em São José dos
Campos (SP), na Associação Esportiva São
José, torneio com US$ 10 mil de premiação e
18 pontos ao campeão. Mesmo com a pressa na
organização, tudo corre bem e Afini já
pretende ampliar o evento para um future de US$ 15 mil ou US$ 15 mil + Hospedagem em 2013.
"Tive dois meses para organizar esse evento. Não é o ideal, é preciso mais tempo para patrocínios e etc, mas vem dando tudo cedo. Na verdade foi um pouco na surpresa. Queríamos organizar o torneio, mas não tinha data, conseguimos pois o Luiz Felipe Baliero (presidente eleito da Federação Paulista) me ligou dizendo que outra cidade havia
desistido da data."
"Nunca tinha feito um torneio na minha vida,
é uma correria, as semanas anteriores foram
bem corridas, minha vida não parou, estou dormindo até mais cedo do que costumo de tão cansado. Mas conseguimos bons patrocínios da
ETEP Faculdades e TV Band Vale e está tudo
correndo bem. O supervisor da ITF elogiando
bastante o evento, a estrutura do clube ajuda muito, as quadras são boas, temos cinco para jogos, outros para treinos, tem restaurante do lado das quadras, hotel, transporte, tudo o que a ITF exige pros atletas".
Apesar de todo o trabalho, Afini relata a
satisfação e alegria e quer ampliar a competição para 2013, ano de centenário da Associação Esportiva São José: "Vamos ter mais tempo e a ideia é aumentar a importância do torneio com a premiação para US$ 15 mil ou então colocando hospedagem. O clube e a cidade estão todos muito
satisfeitos com o evento para que seja maior ano que vem".
Ele detalha também que um evento com premiação de US$ 10 mil, cada diretor precisa em torno de R$ 50 mil pra fazer bem feito: "Menos do que isso até dá pra fazer, mas vai faltar uma estrutura ou outra. O clube aqui já sediou um Banana Bowl (mais tradicional evento juvenil do país) há alguns anos, não sediava um torneio
profissional há algum tempo e agora está buscando voltar a entrar no circuito dos eventos já se disponibilizando com a CBT para novos eventos juvenis e profissionais".
Promessas na Equipe - Afini lidera hoje uma equipe de alto rendimento, iniciada há dois
anos, com cerca de 25 atletas, oito treinadores e membros de staff como fisioterapeutas, fisiologista, nutricionista e psicólogo - todos com o apoio da Lei de Incentivo da Secretaria de Esportes de São José dos Campos (SP) - e aposta em alguns nomes para brilhar no futuro do tênis
nacional.
"Temos toda a estrutura aqui, os atletas tem todo o acompanhamento e moram em duas casas perto do Clube. Hoje temos alguns destaques no juvenil como o Vitor Pinheiro, o Lucas Guitarrari que começou a jogar torneios ITF juvenil de 18 anos em julho e já está entre os 480 do mundo somando um título. Pro ano que vem teremos uma equipe de quatro, cinco que vão estourar na categoria 14 e 16 anos."