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Restrospectiva: 2024 A temporada das grandes despedidas no tênis (Parte 1)

Quinta, 12 de dezembro 2024 às 08:10:00 AMT

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Tênis Profissional

Por Ariane Ferreira – A temporada 2024 foi marcada por uma série de grandes despedidas no tênis profissional. A lista de peso conta com um total de 6 ex-números 1 do mundo e despedidas emocionantes nos Jogos Olímpicos e na Copa Davis. 



Oficialmente, ao menos 23 tenistas do circuito masculino e feminino se aposentaram do tênis profissional. Os principais nomes dentre os que se aposentaram são dos ex-números 1 do mundo o espanhol Rafael Nadal e Andry Murray em simples na ATP, a espanhol Garbiñe Muguruza e a alemã Angelique Kerber na WTA, o holandês Wesley Koolhof número 1 nas duplas e a russa Elena Vesnina nas duplas femininas. 


Entretanto, outros nomes de destaque do circuito deram adeus às quadras este ano. Incluindo o austríaco Dominic Thiem, o maior tenista da história de Portugal, João Souza, o maior tenista do Uruguai, Pablo Cuevas e o maior do Paquistão, Aisam Queshi. Entre as mulheres, está a medalhista de Ouro nas duplas no Rio de Janeiro 2016 e Prata nas duplas mistas em Tóquio 2021, Vesnina, e a polêmica italiana Camila Giorgi. 


Confira a lista e alguns detalhes das carreiras que se encerraram nesta temporada (ordem alfabética). O texto será dividido, com o link para a sequência ao fim da página. 

Aisam Qureshi


Principal nome da história do tênis do Paquistão, Qureshi teve grande êxito no circuito profissional de duplas. Nele, foi top 8 do ranking e conquistou 18 títulos em nível ATP, o principal deles o Masters de Paris em 2011 ao lado do indiano Rohan Bopanna, que foi seu principal parceiro com cinco títulos conquistados.

A vitoriosa e duradoura parceria com Bopanna em quatro temporadas, em duas divisões de tempo, colocou em quadra juntas duas bandeiras que vivem tensão política e social há quase oito décadas. 

Vindo de um país sem tradição no esporte, Qureshi foi eleito em fevereiro deste ano o presidente da federação de seu país e afirmou em entrevista à ATP que deve buscar alternativas para o tênis de seu país observando sucesso de outras nações. Na entrevista, o paquistanês cita a Colômbia e seu projeto de financiamento privado, a Bélgica e seu projeto de entrada nas escolas e programas longevos como o japonês e o italiano. 
“Minha responsabilidade é elaborar um plano personalizado para os desafios demográficos e logísticos do Paquistão e executar o plano da melhor maneira possível”, declarou ele que ainda foi vice-campeão em 24 torneios e acumulou 394 vitórias em nível ATP e fez seu último jogo profissional no ITF de Barbados em setembro. 
Andy Murray:

 

Nas quadras do complexo de Roland Garros durante a disputa dos Jogos Olímpicos de Paris se despediu do tênis profissional o britânico mais bem sucedido da história do tênis profissional, o escocês Andy Murray, que escolheu se despedir na principal competição esportiva do mundo, na qual foi Ouro em Londres 2012 e no Rio de Janeiro 2016.  
Antes de se despedir em definitivo e disputando o torneio de duplas ao lado do amigo Daniel Evans, Murray teve uma emocionante despedida em Wimbledon ao lado do irmão, Jaime (relembre). 
Dono de três títulos do Grand Slam [US Open 2012 e Wimbledon 2013 e 2016], Murray conquistou um total de 46 títulos em nível ATP, dos quais 14 Masters 1000 e o ATP Finals de 2016. Considerado por anos como parte do Big 4, grupo que ainda reunia o suíço Roger Federer, o espanhol Rafael Nadal e o sérvio Novak Djokovic, Murray foi vice-campeão em 25 oportunidades, das quais oito foram em torneios do Grand Slam, cinco delas no Australian Open. 
Murray foi o primeiro tenista entre os principais do mundo a contatar uma mulher para comanda sua equipe técnica. Murray iniciou sua parceria com a francesa ex-número 1 do mundo Amelie Mauresmo em junho de 2014 e a encerrou ao fim de 2016 quando a  francesa optou por ficar com a família. Juntos, Murray conseguiu melhorar seu jogo no saibro, foi vice em Roland Garros 2016 e conquistou seus três títulos no piso. 
Andy Murray assumiu o posto de número 1 do mundo em novembro de 2016 e ali permaneceu por 41 semanas. Ele foi o primeiro britânico a liderar o ranking profissional e também o primeiro do país em 77 anos a vencer Wimbledon. 


Angelique Kerber 


A alemã Angelique  Kerber escolheu as quadras do complexo de Roland Garros na disputa dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 para se despedir das quadras de tênis. O projeto de despedida da alemã começa em abril, durante a disputa de qualificatório para as finais do Grupo Mundial da Billie Jean King Cup. Apresentando pouca condição física para se titular diante do Brasil, Kerber utilizou o confronto para estar elegível à disputa em paris, como adiantou à época do Tênis News. 
Principal tenista alemã desde a lenda Steffi Graf, Kerber é a 14ª maio número 1 da história da WTA liderando o ranking por um total de 34 semanas. Kerber assumiu o posto de melhor do mundo em setembro de 2016, após vencer o US Open. Naquela temporada, Kerber ainda ergueu o troféu do Australian Open, foi Prata em simples no Rio de Janeiro ao perder uma final histórica da porto-riquenha Monica Puig e foi vice em Wimbledon ao ser derrotada pela norte-americana Serena Williams. 
O troco em Serena veio em 2018, e fez daquele Wimbledon seu terceiro Slam. Ao todo, Kerber conquistou 14 títulos em nível WTA e fez outras 18 finais. 

Camila Giorgi


A polêmica italiana Camila Giorgi surpreendeu a todos ao anunciar inesperadamente sua aposentadoria em maio deste ano. Giorgi teve a carreira envolta por polêmicas, em 2016 ele foi obrigada a devolver um aporte de 145 mil euros à federação de seu país, simplesmente porque se negou a defender a Itália na Billie Jean King Cup para jogar o qualificatório no WTA de Stuttgart (Alemanha). Já em 2022 ela entrou na mia da polícia da Itália por apresentar um falso atestado de vacinação contra a Covid para entrar e sair do próprio país e competir o circuito. Em fevereiro deste ano, após a médica que assinou o certificado confirmar que o laudo de vacina era falso, Giorgi foi indiciada.  
Ainda em 2024, mas no mês de maio, o proprietário da casa em que a tenista e a família moravam protestou uma dívida de 6 meses de aluguel e abriu uma ocorrência por roubo de móveis contra Giorgi. A tenista chegou a ser considerada foragida da Itália, mas surgiu em outubro dizendo que se mudou de país. 
Para além das polêmicas judiciais, Giorgi e o pai e treinador, Sergio, protagonizaram brigas e polêmicas também em quadra. Competindo, a talentosa italiana conquistou quatro títulos em nível WTA  e foi 26ª da WTA. 

Dominic Thiem 


Principal nome da Áustria desde Thomas Muster [número 1 do mundo em 1996], o ex-top 3 Dominic Thiem não conseguiu fazer frente a uma crônica lesão no punho e viu-se obrigado a se despedir do tênis profissional. O anuncio de sua aposentadoria foi feito em março e sua última partida disputada em outubro, em casa no ATP 500 de Viena. 
Dono de um belo e raro backhand de uma mão, Thiem foi um dos poucos nomes da geração nascida nos anos 1990 a fazer frente a tenistas do Big 3. Para Nadal, Thiem perdeu duas finais em Roland Garros (2018 e 2019). Já diante de Novak Djokovic a derrota foi no Australian Open 2020. 
O único Grand Slam da carreira do austríaco foi o US Open 2020, disputado sem público, no meio da pandemia de Covid-19, em uma histórica virada diante do alemão Alexander Zverev, que chegou a o comando do placar no terceiro set, com placar de 2/6 4/6 6/4 6/3 7/6 (8/6). 
Em 13 anos de circuito profissional, Thiem viveu duas longas e vitoriosas parcerias com treinadores. Thiem foi formado pelo compatriota Günter Bresnik, com quem trabalhou de 2002 a 2019. No início de 2019, o austríaco contratou o chileno campeão Olímpico em Atenas (simples e duplas) Nicolas Massú, com quem esteve até metade de 2023 e com quem conquistou suas maiores vitórias. 
No circuito profissional, Thiem ergueu 17 títulos em nível ATP, incluindo um Rio Open em 2017.  
Donald Young 

O norte-americano Donald Young, ex-top 38 da ATP, encerrou uma carreira vitoriosa que sequer planejou viver. Young e sua família viram em seu talento no tênis uma oportunidade de que o jovem de Chicago pudesse se formar em uma universidade. Entretanto, o sucesso no circuito juvenil que incluiu o título do Australian Open juvenil em 2005, que fez dele, naquele mesmo ano, o mais jovem número 1 do mundo na categoria aos 16 anos e 5 meses, alterou seus planos: “O que foi incrível”, declarou ele em sua despedida. 
Talento reconhecido, Young sofreu com diversas lesões na carreira, incluindo uma crônica no punho direito. Sem competir no circuito profissional em razão de problemas físicos desde setembro de 2023, Young escolheu se despedir nas quadras do US Open jogando o torneio de duplas mistas ao lado da amiga e compatriota Taylor Townsend.  
A despedida foi além das expectativas e a dupla ficou com o vice-campeonato. Young disputou duas finais de simples em nível ATP e nas duplas foi vice em Memphis ao lado do também retirado Sitak e em Roland Garros com o mexicano Santiago González.  

Young agora compete no circuito de Pickelball.

Dustin Brown 

 
Um dos mais irreverentes tenistas das últimas décadas, o alemão de ascendência jamaicana Dustin Brown se despediu das quadras profissionais nas quadras de Metz, após sua curta e última temporada no circuito de duplas, com direito a melhor campanha jogada em Wimbledon com terceira rodada. 
Conhecido por suas jogadas bonitas, muitos voleios e idas à rede, o alemão protagonizou uma das maiores zebras de Wimbledon em 2015 ao derrotar Rafael Nadal em simples (relembre).  
O jogo bonito do alemão não conquistou todo o púbico e em 2014 ele precisou contar com escolta da ATP para poder treinar, após ser vítima de ofensas racistas e alvo de gritos nazistas em casa, nas quadras de Stuttgart. Mais de uma vez Brown ergueu sua voz e utilizou de suas plataformas para denunciar atos e crimes racistas.  
Em 2018, por exemplo, contou com apoio público de colegas do circuito ao exigir que as redes sociais gerenciassem conteúdos racistas. À época, o tenista fez um apanhado das ofensas que vinha recebendo para denunciar.  
Brown se despediu do circuito de simples em 2021 e seguiu competindo nas duplas, onde alcançou mais sucesso vencendo dois títulos. 

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